Demência Frontotemporal: causas, sintomas e tratamento

Sumário

A Demência Frontotemporal (DFT) é um termo clínico para um grupo de doenças neurodegenerativas que se caracterizam por déficits progressivos de linguagem, comportamento e funções executivas.
Os declínio ocorre devido a degeneração dos lobos frontais e/ou temporais do cérebro. Os lobos frontais são responsáveis pela regulação do humor, comportamento, julgamento e autocontrole.
Já os lobos temporais desempenham um papel na organização dos inputs sensoriais. Quando estes lobos são afetados podem ocorrer alterações significativas de personalidade e comportamento, bem como perda da capacidade de julgamento.
A demencia frontotemporal é progressiva e irreversivel.
A demência frontotemporal  geralmente se manifesta entre 45 e 65 anos. Foto: Gerd Altmann/ Pixabay

Tipos de Demência Frontotemporal

Consoante os lobos cerebrais afetados,  a DFT  apresenta manifestações diferentes. Por isso, se dividem em três variantes clínicas ou subtipos:
Variante comportamental – subtipo mais comum, associada a défices comportamentais e executivos precoces.
Afasia Progressiva não Fluente – envolve dificuldade na fala, gramática e produção de palavras.
Demência Semântica afeta a compreensão de palavras. Pode haver alterações de comportamento com características obsessivas e compulsivas.
Entre as variantes de demência frontotemporal, a doença do neurônio motor (deterioração do movimento muscular) surge frequentemente em pacientes com demência frontotemporal variante comportamental e menos frequentemente em pacientes com variante semântica  ou afasia progressiva não fluente.
Entretanto, à medida que a demência frontotemporal progride, os sintomas das variantes clínicas podem convergir. Isto porque uma degeneração inicialmente focal se espalha, afetando grandes regiões nos lobos frontal e temporal.
Doença de Pick é um outro  tipo de DFT que se caracteriza pela degeneração de áreas específicas do cérebro que controlam a personalidade e o comportamento.

Causas e Fatores de risco

As causas da degeneração ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais possam desempenhar um papel importante. A genética é um fator de risco importante para a demência frontotemporal.
A Demência Frontotemporal pode afetar homens e mulheres. Normalmente, tem início entre os 40 e os 65 anos.

Sintomas da Doença 

Podem ocorrer diferentes tipos de sintomas, de acordo com área do lobo frontal ou temporal afetada. Os sintomas evoluem conforme a progressão da doença e  incluem:
  1. Perda de memória, dificuldade em comunicar e compreender a linguagem.
  2. Mudanças na personalidade e comportamento.
  3. Desinibição, apatia, impulsividade.
  4. Perda de julgamento e dificuldade em planejar e executar tarefas.
  5. Problemas no controle dos impulsos e da alimentação.

Diagnóstico da Demência Frontotemporal

O diagnóstico das Demências Frontotemporais envolve uma avaliação detalhada dos sintomas, bem como testes neuropsicológicos. Também inclui exames de imagem como a imagiologia cerebral e o eletroencefalograma.
Os testes podem ajudar a diferenciar a Demência do tipo Frontotemporal da Doença de Alzheimer, por exemplo.

Entenda o tratamento

De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia, atualmente, não há cura para as demências neurodegenerativas nem para demência vascular. No entanto, existem intervenções farmacológicas e não farmacológicas que podem ajudar a aliviar os sintomas e retardar a progressão da doença.

Neste sentido, a instituição enfatiza a importância do diálogo franco com as pessoas com demência e seus familiares ou cuidadores.
Ao prescrever os medicamentos, os profissionais devem esclarecer que os efeitos clínicos esperados são geralmente modestos. Muitas vezes, são caracterizados apenas por estabilização ou piora mais lenta.
A terapêutica pode incluir medicamentos da classe dos antidepressivos, antipsicóticos, psicoestimulantes e anticonvulsivantes.
Alguns tratamentos complementares, sugeridos para Demência Frontotemporal:
  1. Terapia de Estimulação Cognitiva
  2. Exercício Físico
  3. Terapia Ocupacional
  4. Arteterapia
  5. Envolvimento em atividades de interação social
  6. Apoio psicológico que deve ser abrangente aos cuidadores
Na fase avançada da doença, a prioridade é o conforto e qualidade de vida dos pacientes. Geralmente tornam-se completamente dependentes de autocuidado nas atividades de vida diária.

Prognóstico e expectativa de vida

À medida que a DFT progride, ocorre um declínio progressivo e irreversível das capacidades cognitivas, emocionais e comportamentais da pessoa. Há uma deterioração progressiva inevitável.
Entretanto, a progressão para a demência geral pode ser mais lenta  se os sintomas se limitarem à fala e à linguagem.
A esperança de vida é, desde o início da doença, de 2 a 15 anos, sendo a média de 6 a 12 anos. Pacientes com doença em estágio terminal podem ter  dificuldades para comer, mover e engolir.  A morte ocorre, normalmente, devido a uma infecção secundária como pneumonia, por exemplo.

Referências:

Bang J, Spina S, Miller BL. Frontotemporal dementia. Lancet. 2015 Oct 24; 386(10004): 1672–82. doi: 10.1016/S0140-6736(15)00461-4. PMID: 26595641; PMCID: PMC5970949. Acesso em 25 de fevereiro de 2023.
Boeve BF, Boxer AL, Kumfor F, Pijnenburg Y, Rohrer JD. Advances and controversies in frontotemporal dementia: diagnosis, biomarkers, and therapeutic considerations. Lancet Neurol. 2022 Mar;21(3):258-272. doi: 10.1016/S1474-4422(21)00341-0. PMID: 35182511. Acesso em 25 de fevereiro de 2023.
Alzheimer Portugal. (s.d.). Demências frontotemporais. Disponível em: https://alzheimerportugal.org/demencias-frontotemporais/ Acesso em 25 de fevereiro de 2023.
Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. (2019). Tratamento da demência: recomendações. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 77(9654-666. doi: 10.1590/0004-282×20190109. Acesso em 25 de fevereiro de 2023.

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