Febre maculosa: sintomas, tratamento e prevenção

Sumário

A febre maculosa é  uma doença infecciosa causada pela  bactéria Rickettsia transmitida pela picada do carrapato estrela.

No Brasil os hospedeiros do  carrapato-estrela são capivaras, gambás e cavalos. Já nos Estados Unidos os hospedeiros são coelhos e outras espécies de roedores.

Como o nome popular de febre da carraça, é  endémica na área mediterrânica, sendo o sul da Europa  considerado a principal região afetada.

Em Portugal os hospedeiros são, principalmente,  cães nas áreas rurais.

 

 

Febre maculosa é trasmitida pelo carrapato estrela
A bactéria Rickettsia transmitida pela picada do carrapato estrela causa a febre maculosa. Foto Unsplash

Sintomas

Os sintomas da febre maculosa aparecem entre 2 e 14 dias depois do contagio.  

E caracteriza-se por febre e máculas (manchas) vermelhas no corpo.   

A erupção tem início nos membros, normalmente nos inferiores, irradiando para o tronco e cabeça,  incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés

Além disso, há fraqueza, dor de cabeça, muscular e nas articulações, náuseas e vômitos.

Em situações mais graves aparecem sangramentos. 

 A doença tem início súbito e se não for rapidamente tratada, pode levar a óbito rapidamente.  O problema é que pode ser facilmente confundida com doenças de quadros hemorrágicos, como dengue e leptospirose.

Por isso,  quem entra em contato com uma área onde há transmissão de febre maculosa, ou mesmo zonas rurais,  deve ficar atento aos sintomas.

 

Tratamento da febre maculosa

Se  tratada no início, a febre maculosa tem cura.  O desafio é o diagnóstico precoce pois, muitas vezes, os sintomas iniciais são inespecíficos. 

As manchas pelo corpo, por exemplo, às vezes, não aparecem ou surgem muito tardiamente em alguns pacientes.

“Como qualquer outra doença bacteriana,  trata-se com antibiótico e suportes clínicos conforme quadro do paciente, que pode exigir hidratação e medicações para tratamento de sintomas”, explica Luiz Alves da Silva Neto, infectologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

 

Transmissão da bactéria 

Importante que se diga: a transmissão dessa doença, em específico, se dá por contato indireto através do carrapato. Ou seja, a capivara, o cão ou qualquer animal infectado com a bactéria não pode transmitir diretamente a febre maculosa.  Da mesma forma, não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.

 De acordo com o Dr. Luiz Alvez é difícil estimar a probabilidade de ser infectado após a picada do carrapato, uma vez que o animal, neste caso o hospedeiro,  deve estar contaminado com a bactéria e ainda assim precisa de um parasitismo prolongado para que consiga transmitir a bactéria para o corpo humano.

 

“Através da picada,  o carrapato transmite a  bactéria para o ser humano. Entretanto,  não é uma picada qualquer.  É necessário parasitismo, ou seja, o carrapato precisa ficar se alimentando do sangue humano por pelo menos 4 horas para que possa transferir essa bactéria ao organismo humano”, comenta o infectologista.

 

Prevenção da febre maculosa

A febre maculosa  é uma zoonose, ou seja é uma doença transmitida pelos animai aos seres humanos diretamente ou através de uma espécie intermediária. E como os vetores  e reservatórios, neste casso. os carrapatos,  circulam na natureza  é  muito difícil erradicar a doença.

Além disso  não existe vacina contra a febre maculosa, mas existem formas comportamentais de prevenir a doença.

  •  Evitar locais com alta transmissão;
  • Se frequentar regiões de mata, use roupas longas (de preferência roupas claras) que auxilia na identificação da presença de carrapatos;
  • Use repelentes.
  • Faça um auto-exame ainda no local e ao chegar em casa
  • Se encontrar algum carrapato retire de forma cuidadosa  com a pinça

 

É importante redobrar os cuidados nas áreas com pastagens, matas, próximas às coleções hídricas como rios, lagos, lagoas, áreas onde podem haver os hospedeiros dos carrapatos como cavalos e capivaras.

 

O Ministério da Saúde também aponta que, no Brasil,  a doença pode ser mais comum entre os meses de junho e novembro por se tratar do período em que predominam as formas jovens do carrapato estrela, chamadas também de micuins. 

 

O infectologista  ressalta que é essencial  se atentar aos sintomas pois se parecem com os de outras infecções e necessitam de assistência médica imediata para curar a doença e evitar fatalidades. 

 

Outra medida que pode evitar a proliferação do aracnídeo é cortar a grama rente ao solo no mínimo uma vez por ano durante a época em que chove mais. Dessa forma, os ovos do carrapato ficam expostos ao sol e não vingam por conta dessa iluminação.

 

Casos registrados

No ano passado, o Brasil registrou 190 casos e 50 mortes por febre maculosa.

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde, neste ano de 2023,  já houveram   54 casos da doença, dos quais 9 resultaram em óbito.

As autoridades sanitárias de São Paulo confirmaram na quinta-feira (15) a quarta morte por febre maculosa no estado desde o início da semana. Todas as vítimas estiveram na fazenda Santa Margarida, no distrito Joaquim Egídio, em Campinas, para um evento chamado Feijoada do Rosa.

 

 

 

 

 

Ferreira, Laura Fernandes, et al. “Perfil epidemiológico da febre maculosa no Brasil.” Rev Med Minas Gerais 31 (2021): e-31107.

Parreira, Adriano Guimaraes, et al. “Conversando sobre Febre Maculosa na Escola.” Expressa Extensão 26.2 (2021): 250-259.

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