O câncer de próstata é o segundo tipo de carcinoma mais comum entre homens no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Ele surge quando células da próstata se multiplicam de forma anormal, resultando em um tumor maligno.
A próstata é uma glândula pequena presente no corpo do homem, localizada abaixo da bexiga. Ela é uma das responsáveis pela produção do líquido seminal, que vai nutrir e transportar o esperma.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 99% dos casos atingem homens acima dos 50 anos de idade. Por isso, homens que tenham histórico familiar de cancro de próstata devem fazer exame preventivo anual a partir dos 40 anos de idade.
Ainda não existe um consenso em relação ao beneficio dos exames de rastreamento de câncer de próstata para homens entre 55 e 69 anos de idade que sejam assintomáticos. O Instituto Nacional do Câncer, órgão do Ministério da Saúde (Brasil) não recomenda.
Neste caso, a decisão de realizar exames de rastreio deve ser avaliada por cada um, em parceria com o profissional de saúde que o acompanha.
Em Portugal, a Direção Geral de Saúde não recomenda o rastreio em pacientes assintomáticos e também considera que os riscos e benefícios em questão
devem ser previamente discutidos com o doente.
Entretanto, vale ressaltar que, em setembro em 2022, a Comissão Europeia para rastreio do câncer, decidiu recomendar e apoiar o rastreamento anual de
cancro de próstata, mesmo em homens assintomáticos, e até 70 anos, considerando que já existem evidencias da eficácia e utilidade do rastreio.
Há fatores de risco associados ao carcinoma de próstata?
Como ocorre em outros tipos de câncer, o histórico familiar é um dos fatores que aumentam o risco da doença, em especial quando o parente de
primeiro grau (pai ou irmão) apresentou câncer de próstata antes dos 60 anos.
Além disso, o avançar da idade é considerado um fator de risco. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), aproximadamente 75% dos casos se dão a
partir dos 65 anos.
Os afrodescendentes estão entre os que têm um risco maior de desenvolver a doença.
O sobrepeso e obesidade, segundo a OMS, estão também relacionados à maior probabilidade de desenvolver câncer de próstata.
Embora estudos não demonstrem aumento do risco com o tabagismo, este se associa a um maior número de falecimentos em decorrência da doença.
Quais os sintomas do câncer de próstata?
Por se tratar de um tumor que, em geral, apresenta crescimento lento, não é comum apresentar sintomas na fase inicial.
Os sinais costumam aparecer quando o câncer de próstata já se encontra em situação avançada, podendo incluir:
- dor, queimação ou dificuldade de urinar
- fluxo reduzido ou intermitente de urina;
- dificuldade de esvaziar totalmente a bexiga;
- necessidade de urinar mais vezes ao longo do dia.
Alguns desses sintomas, como a diminuição do jato de urina e a dificuldade em se esvaziar a bexiga, levando à necessidade de ir ao banheiro mais vezes, é semelhante aos sinais da hiperplasia prostática benigna.
Trata-se de um crescimento benigno da próstata que acontece na medida em que a idade do homem avança.
Por outro lado, estes sintomas podem aparecer também quando há prostatite, uma inflamação na glândula que costuma ser causada por bactérias.
Embora sejam mais raros, outros sintomas que podem se manifestar são:
- sangue na urina ou no sêmen;
- dor ao ejacular;
- dor persistente nas costas, na região pélvica ou no quadril.
Como diagnosticar o câncer de próstata?
O primeiro passo para se identificar alterações na próstata é a realização do exame clínico de toque retal.
O exame de toque, combinado à análise da dosagem do antígeno prostático específico (PSA) presente no sangue, indicam a possibilidade de haver um câncer.
No entanto, níveis altos da proteína PSA também podem ser indício de doenças benignas.
Atualmente, outro meio de rastreamento utilizado é a chamada Ressonância Magnética multiparamétrica (RMmp), capaz de identificar lesões suspeitas, apontando aquelas com alta probabilidade de serem tumores.
Esse exame pode evitar que o homem passe por uma biópsia sem necessidade. Em todo caso, o diagnóstico definitivo do câncer de próstata só pode ser obtido através de biópsia. E, quanto mais cedo ele for diagnosticado, maiores são as chances de cura.
Qual o tratamento para o câncer de próstata?
O tratamento irá depender do tipo de tumor e em qual estágio se encontra e da avaliação da equipa médica que acompanha cada paciente.
Em geral, quando o câncer de próstata é descoberto precocemente, não tendo se espalhado para outros órgãos, faz-se a remoção por meio de cirurgia ou o tratamento com radioterapia.
A prostatectomia, que é a retirada da próstata, pode ser recomendada em estágio precoce ou quando a radioterapia não surte efeito.
Além da retirada da próstata, pode ser necessário remover parte do tecido ao redor do tumor.
Em alguns casos, a operação pode lesionar nervos e resultar em complicações incômodas, como incontinência urinária e impotência.
Contudo, esses efeitos podem ser tratados com medicamentos específicos, que apresentam bons resultados.
Casos de complicações graves ou falecimento em função da cirurgia, segundo o INCA, correspondem a apenas 0,5%
Há pacientes que optam, após o tratamento do câncer, pela inserção cirúrgica de prótese peniana, a qual aumenta consideravelmente a qualidade de vida do
homem afetado pelo câncer.
Quando há metástase do câncer de próstata, o tratamento envolve, além da radioterapia ou quimioterapia, bloqueio hormonal.
Neste caso, bloquear hormônios andrógenos como a testosterona é uma forma de inibir o crescimento do tumor.
Atualmente, novas terapias hormonais têm sido disponibilizadas no Sistema Único de Saúde (SUS), beneficiando consideravelmente pacientes que tratam da
doença em estágio avançado.
Referências:
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Cartilha – Apoio à decisão no rastreamento do câncer de próstata. 2019. Disponível em: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/apoio_decisao_cancer_prostata_2019_0.pdf. Acesso em 11 jan. 2023.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de próstata. Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/prostata. Acesso em 11 jan. 2022.
ISLAMI, F. et al. A Systematic Review and Meta-analysis of Tobacco Use and Prostate Cancer Mortality and Incidence in Prospective Cohort Studies. European Urology, 66(6):1054-1064, dec. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.eururo.2014.08.059. Acesso em 11 jan. 2023.
JOHNS Hopkins Medicine. Erectile Dysfunction After Prostate Cancer. Johns Hopkins Medicine – Health. s.d. Disponível em:
https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/prostate-cancer/erectile-dysfunction-after-prostate-cancer. Acesso em 11 jan. 2023.
KALISH, L.A.; MCDOUGAL, W.S.; MCKINLAY, J.B. Family history and the risk of prostate cancer. Adult Urology, 56(5):803-806, nov. 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0090-4295(00)00780-9. Acesso em 11 jan. 2023.
NIH. National Cancer Institute. Prostate Cancer Treatment (PDQ) – Health Professional Version. National Cancer Institute at the National Institutes of Health. s.d. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/prostate. Acesso em 11 jan. 2023.
WILD, C.P.; WEIDERPASS, E.; STEWART, B.W. (eds.). World Cancer Report – Cancer research for cancer prevention. World Health Organization, 2020.
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document/apoio_decisao_cancer_prostata_2019_0.pdf
https://Ordemdosmedicos.pt/wp-content/uploads/2017/09/Prescricao_e_determinacao_do_Antigenio_Específico_da_Próstata___PSA.pdf. Acesso em 12 de janeiro de 2023