A erva-cidreira é uma planta originária do Mediterrâneo e da Ásia. O seu nome científico é Melissa officinalis. É conhecida popularmente pelas suas propriedades calmantes e digestivas.
A planta se apresenta como um pequeno arbusto que pode chegar a altura de 20 a 80 cm, formando touceiras, com folhas verdes que variam de claro à escuro. Em geral, as pessoas a confundem com o capim-limão devido ao seu odor parecido.
O uso da erva-cidreira remota a Idade Média onde era usada para os mesmos fins que utilizamos hoje. Eu, porém, só vim conhecer a verdadeira melissa aqui em Portugal. Descobri a planta, por acaso, no meu quintal e pelo seu delicioso cheiro cítrico decidi que valia a pena investigar. Mais uma das maravilhas herdadas da minha sogra que, infelizmente, não tive a honra de conhecer. Hoje faço uso regular da melissa de forma preventiva para me beneficiar das suas propriedades antioxidantes. Nem muito, nem todo dia, pois o segredo de tudo é o equilíbrio e a diversidade! E o que não faltam aqui em casa são plantas medicinais.
Com base em artigos científicos, veremos o uso medicinal da Melissa, além de formas de usar e dosagens, de acordo com as recomendações da Agencia Europeia de Medicamentos (EMA).
Propriedades medicinais
A erva-cidreira possui várias propriedades medicinais, incluindo: atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, neuroprotetoras, hipoglicemiantes, sedativas e ansiolíticas. Além disso, muitos estudos destacaram a atividade antiviral da erva-cidreira contra vírus como herpes simples, herpes zoster, vírus da imunodeficiência humana (HIV) e influenza.
No entanto, a maioria dos estudos sobre os benefícios da erva-cidreira foram realizados em modelos animais e in vitro. Por isso, são necessários mais estudos clínicos em humanos para confirmar esses benefícios. Apesar de todo o potencial desta planta, são necessárias pesquisas adicionais sobre os efeitos colaterais e as interações medicamentosas potenciais da erva-cidreira.
Compostos bioativos presentes na melissa
Os compostos presentes na melissa officinalis e que lhe conferem propriedades medicinais incluem:
Óleos essenciais – que contêm compostos como citronelal, geranial, neral, citral, linalol e outros terpenoides.
Ácidos fenólicos, como o ácido rosmarínico e o ácido cafeico.
Flavonoides, como a apigenina, luteolina, quercetina e seus glicosídeos.
Taninos – compostos fenólicos com propriedades adstringente e anti oxidantes.
É importante lembrar que a concentração desses compostos bioativos pode variar de acordo com o tipo de solo, clima, época do ano, condições de cultivo e parte da planta utilizada. Por isso, recomenda-se comprar produtos que sejam feitos a partir de extratos padronizados para garantir a qualidade e o valor terapêutico dos mesmos.
Outro fator importante são as condições de armazenagem, a origem e as partes utilizadas. Portanto, ao comprar produtos à base de erva-cidreira como extratos, cápsulas ou mesmo folhas para chá, deve sempre verificar a qualidade e procedência.
Quando utilizar:
A agência europeia de medicina referência o uso da erva-cidreira como medicamento natural em duas condições:
- Alívio de sintomas leves de estresse mental e para ajudar no sono.
- Tratamento sintomático de distúrbios gastrointestinais leves que inclui queixas como inchaço e flatulência.
Como utilizar (posologia):
As indicações de uso, referidas pela Agência Europeia de Medicamentos, são as mesmas tanto para as condições gastrointestinais quanto para estresse mental e sono. E possível adquirir produtos a base desta planta em farmácias, ervanárias e casas de produtos naturais. No entanto, é possível encontrar o produto em alguns supermercados.
Adolescentes com mais de 12 anos, adultos e idoso pode usar em dose única da seguinte forma:
a) Chá de ervas: 1,5-4,5 g da erva moída em 150 ml de água fervente como uma erva Infusão, 1-3 vezes ao dia.
b) Erva cidreira em pó: 0,19-0,55 g, 2-3 vezes ao dia.
c) Extrato líquido: 2-4 ml, 1-3 vezes ao dia.
d) Tintura: 2-6 ml, 1-3 vezes ao dia.
e) Extratos secos em doses correspondentes às posologias para chá,extrato líquido e tintura acima.
Contra-indicações da erva cidreira
O uso em crianças menores de 12 anos não é recomendado, pois não existem estudos que comprovem a sua segurança.
Além disso, não há estudos que assegurem o uso durante a gravidez e lactação. Portanto, na falta de dados suficientes, não se recomenda o seu uso medicamentoso.
Tempo de uso:
Indica-se o uso contínuo de medicamentos a base de melissa por duas ou três semanas. Durante o uso, observe os sintomas. Se pioram, deve suspender o uso e procurar um médico ou outro profissional de saúde qualificado. De igual forma, se os sintomas persistirem, após o período de uso, deve procurar orientação profissional, pois é importante investigar outras patologias.
Interações medicamentosas
De acordo com o Horto Didático de Plantas Medicinais da Universidade de Santa Catarina , o uso da erva cidreira pode potencializar substâncias hipnóticas sedativas.
Quem faz uso cronico de medicamentos que atuam no sistema nervoso central, deve ter atenção ao uso da erva cidreira. Preferencialmente, não deve fazer uso mesmo que de forma ocasional, no mesmo horário do medicamento em uso respeitando a janela de segurança.
Para quem, entretanto, vai dirigir, manusear máquinas e exercer funções que exijam atenção deve ter cautela no uso. Isto porque a a erva cidreira tem ação hipnosedante.
Referências sobre Erva-Cidreira (Melissa officinalis):
European Medicines Agency (EMA). (2011). Final Community Herbal Monograph on Melissa officinalis L., folium. Disponível em https://www.ema.europa.eu/en/documents/herbal-monograph/final-community-herbal-monograph-melissa-officinalis-l-folium_en.pdf. Data de acesso: 23/02/2023
Horto Didático. Erva-cidreira. Horto Didático da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: https://hortodidatico.ufsc.br/erva-cidreira/. Acesso em: 23 fev. 2023.
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