Gama GT alterado? O que pode ser?

Sumário

A Gama GT, a sigla de Gama Glutamil Transferase, é uma enzima encontrada no fígado, vias biliares, rins, pâncreas, pulmões, cérebro, próstata, intestino e coração. 

Contudo, apesar de estar presente em vários tecidos, a Gama GT que chega ao sangue é proveniente principalmente do sistema hepatobiliar, que é composto pelo fígado, vias biliares e vesícula biliar.

 

Por conta disso, o exame de Gama GT, ou seja a dosagem sérica (no soro sanguíneo), tem sua importância diagnóstica associada às desordens hepatobiliárias.

Além disso, de acordo com o nível de elevação da concentração de Gama GT, é possível fazer um diagnóstico diferencial entre doenças do fígado e as das vias biliares.

 

O exame de dosagem de Gama GT constitui um marcador sensível de desordens hepáticas e biliares. 

Isso quer dizer que, ainda no início da disfunção hepatobiliar, as concentrações de Gama GT já se elevam (nos casos de TGO e TGP, por exemplo, há uma demora maior), permitindo que por meio da dosagem de Gama GT seja possível identificar a doença.

 

Dessa maneira, solicita-se o exame para avaliar a função hepática ou quando há suspeita da existência de doenças do sistema hepatobiliar.

 

 

A Gama GT pode se elevar em função do uso crônico de medicamentos, como o paracetamol por exemplo. Foto: James Yarema /Unsplash
A Gama GT pode se elevar em função do uso crônico de medicamentos como o paracetamol, por exemplo. Foto: James Yarema /Unsplash

 

Como é feito o exame de Gama GT

O exame de dosagem de Gama GT é um exame simples, realizado na maioria dos

laboratórios.

Para a realização do exame, o paciente é submetido à coleta de sangue venoso.

É recomendável jejum de cerca de 6-8h e é desejável que o paciente não faça o uso de bebidas alcoólicas por até 24h antes da coleta para o exame.

 

Valores normais de Gama GT

O valor normal de gama-GT pode variar ligeiramente de acordo com o laboratório.

 Pode estar nos seguintes intervalos:

  • 07 a 60 U/L para homens;
  • 05 a 43 U/L para mulheres.

  

Gama GT alterado, o que pode ser?

 Elevações na concentração sérica de Gama GT estão presentes em uma variedade de doenças .

São elas: obstrução intra-hepática e extra-hepática, doenças hepáticas relacionadas ao álcool, hepatite infecciosa, neoplasias, esteatose hepática, fibrose

cística, câncer prostático, lúpus e hipertireoidismo.

 

A seguir, vamos falar um pouco mais sobre algumas dessas doenças e sintomas: o que são e qual a sua relação com a elevação da Gama GT.

 

  • Obstrução intra-hepática e extra-hepática: ocorre uma obstrução da bile.

Isso pode acontecer dentro do fígado (intra-hepática) ou fora do fígado (extra-hepática).

Os principais sintomas são: prurido (coceira), icterícia (coloração amarelada nos olhos e pele), urina escura e fezes claras.

 

Nesses casos, há uma elevação da Gama GT em até 30 vezes acima do valor de referência. Outros exames laboratoriais que podem estar alterados em

casos de obstrução hepática são: fosfatase alcalina, TGO e TGP, bilirrubinas e tempo de protrombina prolongado.

 

Doenças hepáticas relacionadas ao álcool

O abuso do uso de álcool pode levar a três doenças hepáticas: cirrose, hepatite alcoólica e esteatose.

 O álcool é tóxico para as células hepáticas. Por conta disso, acaba causando lesões nessas células, levando ao desenvolvimento de disfunções hepáticas.

Os principais sintomas são: dor abdominal, icterícia, urina escura, cansaço, perda de peso, náuseas e vômitos.

Nesses casos, há um aumento de cerca de duas vezes dos valores normais de Gama GT.

 É importante que outros exames como hemograma, CDT e dosagem de etanol sanguíneo sejam solicitados, uma vez que cerca de 30% dos indivíduos que consomem álcool com frequência possuem Gama GT normal.

 

Hepatite infecciosa

É uma inflamação no fígado causada por infecção.

Os principais sintomas são: dor abdominal, icterícia, febre, mal estar, tontura, náuseas, urina escura e fezes claras.

Nesses casos, há aumento da Gama GT. Contudo, para um diagnóstico mais específico para este tipo de inflamação é recomendável que seja solicitado

também TGO e TGP, além dos testes sorológicos para hepatites virais.

 

Esteatose hepática

Acontece quando as células hepáticas são infiltradas por células de gordura – conhecido como “gordura no fígado”.

Os principais sintomas são: aumento da região abdominal, mal estar, fraqueza, dor de cabeça, dor no abdômen e aumento do tamanho do fígado.

Ocorre um aumento de cerca de duas a cinco vezes dos valores normais de Gama GT.

 

 

Gama GT baixo, o que significa?

Valores baixos de Gama-GT não representam impacto clínico significativo. 

Assim como o resultado normal, estes valores indicam que a enzima está em quantidades adequadas na corrente sanguínea.

 

Medicamentos que aumentam a Gama GT

A grande maioria dos medicamentos passa pelo fígado, onde é metabolizada. Por conta disso, o tratamento permanente com alguns medicamentos podem levar a

uma sobrecarga do fígado. Além disso, alguns medicamentos, quando usados em excesso, são tóxicos para as células hepáticas.

 

Assim, deve-se ter cuidado ao tomar determinados medicamentos quando se tem alguma doença relacionada ao fígado, bem como é importante ficar atento antes de

fazer exames laboratoriais, principalmente aqueles que buscam avaliar a função hepática.

 

Como determinados medicamentos podem causar lesões às células do fígado, podem acabar por elevar os níveis séricos de algumas enzimas (como é o caso da

Gama GT), interferindo nos resultados dos exames.

 

Confira abaixo a lista de medicamentos que podem causar elevação da Gama GT:

 

  • Barbitúricos: grupo de medicamentos que causam uma espécie de

“relaxamento” do sistema nervoso central. São utilizados como anestésicos, antiepilépticos, sedativos e hipnóticos.

 

  • Antimicrobianos: utilizados para tratar infecções causadas por

microorganismos, como fungos, bactérias e vírus.

 

  • Benzodiazepínicos: utilizados para o tratamento da ansiedade.

 

  • Acetoaminofeno: Paracetamol – utilizado como analgésico e para diminuir a

febre.

 

Andressa Santana é   biomédica analista clínica, formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

 

REFERÊNCIAS

 

ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. Doenças que alteram os exames bioquímicos. Dez de 2007. Acessado em 08 de mar de 2023. Disponível em: https://www.academia.edu/39005913/Doen%C3%A7as_que_alteram_os_exames_bioqu%C3%ADmicos_Paulo_Naoum?email_work_card=view-paper

 

JORNAL BRASILEIRO DE PATOLOGIA E MEDICINA LABORATORIAL. Interferência dos medicamentos nos exames laboratoriais. 2008 em 20 de mar de 2021. Acessado em 08 de mar de 2023.  Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpml/a/RHdW59V7rQFJQmy3dkRhwSp/?lang=pt#:~:text=As%20drogas%20que%20causam%20interfer%C3%AAncia,%2C%20propranolol%2C%20aciclovir%2C%20azitromicina%2C

 

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