O mesotelioma peritoneal ou mesotelioma de peritônio é um câncer que atinge a membrana que reveste a cavidade do abdômen.
O mesotelioma é um tumor no tecido conjuntivo. Ele é assim chamado porque se origina nas células mesoteliais de membranas serosas.
A ocorrência do mesotelioma é rara, atingindo entre uma e duas pessoas a cada milhão por ano.
O mesotelioma pleural corresponde à maior parte dos casos e, em segundo lugar, aparece o mesotelioma peritoneal, que responde por 10% a 20% dos diagnósticos.
Sintomas do mesotelioma peritoneal
Os sintomas do mesotelioma peritoneal podem ser sutis e há pessoas que não sentem nada até que o tumor esteja em um estágio mais avançado.
Além disso, uma dificuldade para se estabelecer o diagnóstico está no fato de que os sintomas não são muito específicos, podendo variar consideravelmente.
Os dois mais comuns, relatados por pacientes, são a distensão abdominal e a dor, normalmente sentida de forma difusa na região abdominal.
Outros sinais que se manifestam com maior frequência são: perda de peso, inchaço abdominal, ascite (conhecida como barriga d’água) e trânsito intestinal alterado.
Pode haver, também, perda de apetite, fadiga, náuseas, vômito e febre.
Estudos apontam que os sintomas não são muito específicos, podendo variar de acordo com paciente.
Por esse motivo, é mais recorrente que a doença seja diagnosticada tardiamente.
Formas de diagnóstico do mesotelioma peritoneal
Atualmente, as principais formas de se diagnosticar esse câncer são a ressonância magnética de abdômen, a tomografia computadorizada e o Pet-Scan (também conhecido como PET-CT).
Esses exames são capazes de identificar nódulos e espessamentos em diferentes partes do peritônio.
Uma vez observados os pontos suspeitos, é feita a biópsia para avaliação histológica – ou seja, do tecido coletado – e imuno-histoquímica, para verificação do tipo de câncer.
A biópsia é feita por meio da laparoscopia, um procedimento no qual o médico insere um tubo fino e flexível com uma câmera, o laparoscópio, para realizar as incisões de forma mais precisa.
Fatores de risco do mesotelioma
Entre os principais fatores de risco associado ao mesotelioma peritoneal está a exposição regular ao asbesto (amianto).
As fibras do asbesto causam irritação no peritônio, podendo ocasionar uma inflamação crônica que evolui para um tumor.
O desenvolvimento do mesotelioma pode ocorrer muitos anos após a exposição ao amianto, havendo um período de latência que varia entre 20 e 60 anos.
Por esse motivo, o diagnóstico do mesotelioma peritoneal é mais comum entre pessoas relativamente mais velhas.
Outros fatores de risco envolvem contato com o vírus SV40 (vírus simiano 40), tratamento com o dióxido de tório – um agente de contraste radiográfico comumente utilizado até meados dos anos 1950 –, infecções e peritonites crônicas, bem como irradiação peritoneal (dor abdominal aguda).
A Sociedade Americana do Câncer também aponta que o mesotelioma é mais comum em homens, provavelmente devido às profissões exercidas e que podem envolver maior exposição ao asbesto – como trabalhadores de construção, ferroviários, operadores de caldeiras, entre outros.
Apesar de rara, a mutação no gene supressor tumoral BAP1 é outro fator de risco ligado a maiores chances de desenvolver um mesotelioma.
Tratamento do mesotelioma peritoneal
De forma geral, o mesotelioma peritoneal ainda é considerado praticamente incurável, mas o avanço das técnicas de tratamento tem levado a prognósticos cada vez melhores, especialmente nos casos em que não há metástases.
Atualmente, a cirurgia citorredutora, que visa remover o máximo possível de lesões tumorais, combinada à quimioterapia perioperatória tem mostrado resultados promissores, com chances de 12% a 35% de chegar a 10 anos de sobrevida.
O tempo médio de sobrevida em pacientes que passam pelo tratamento mais moderno varia entre 2 e 7 anos e meio.
A quimioterapia indicada é chamada de intraperitoneal hipertérmica (HIPEC), na qual a solução quimioterápica é aquecida e injetada diretamente na cavidade abdominal.
Devido à raridade do mesotelioma peritoneal, grande parte dos tratamentos e medicamentos utilizados vêm de resultados de pesquisas realizadas com pacientes acometidos, na verdade, pelo mesotelioma pleural.
Em ambos os casos, um fator que tem relação com maiores taxas de sobrevivência é o tipo histológico do câncer. O subtipo epitelióide, um tumor de tecidos moles, apresenta melhor prognóstico que os subtipos sarcomatóide (tumor fibroso) e bifásico (tumor misto).
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