A saúde digestiva pode afetar a saúde mental, pois o sistema digestivo e o cérebro estão intimamente ligados por meio do eixo intestino-cérebro.
Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia (OMG), um terço da população mundial apresenta algum tipo de sintoma no trato digestivo.
O trato gastrointestinal possui importantes funções como fornecer nutrientes ao corpo, aumentar a resposta do sistema imunológico, abrigar a microbiota intestinal e servir como um “segundo cérebro”.
“Quando a saúde digestiva não está em dia, o bem-estar emocional e mental também são prejudicados”, explica o cirurgião do aparelho digestivo e proctologista, especialista em doenças inflamatórias intestinais, Dr. Alexander Rolim, da rede de hospitais São Camilo de São Paulo.
Isto porque o intestino responde pela produção de neurotransmissores, como a serotonina, que está diretamente relacionada ao humor e à saúde mental.
“Quando há um desequilíbrio na flora intestinal, pode haver uma diminuição na produção desses neurotransmissores, o que pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão”, afirma o Dr. Rolim.
Saúde digestiva: deficiência de B12 e vitamina D
Na opinião do especialista, a compreensão das funções normais do trato gastrointestinal, da dieta e dos sintomas ajuda as pessoas a identificar quando procurar atendimento gastrointestinal.
O intestino responde pela absorção dos nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo. Além disso, pela eliminação de resíduos e toxinas.
Quando o intestino não funciona corretamente, a capacidade de extrair os nutrientes dos alimentos, como vitaminas, minerais e antioxidantes, fica prejudicada.
Ou seja, a saúde intestinal impacta diretamente na manutenção da saúde como um todo.
Por isso mesmo, na presença de doenças inflamatórias do intestino, há maior risco de desnutrição.
De acordo com a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a falta de alguns nutrientes é frequente, mesmo na doença moderada devido a má absorção e a perda pelas fezes.
Ferro, ácido fólico, vitamina B12, vitamina D, zinco e cálcio são geralmente os nutrientes em falta.
Sabe-se que a vitamina D e a B12, por exemplo, exercem importantes funções no sistema nervoso central e que carência pode está relacionada a quadros de depressão, transtornos de ansiedade, demência entre outras doenças.
Recorrência de sintomas requer investigação
Náuseas, empachamento, azia, refluxo, diarreia e/ou prisão de ventre e dor abdominal são sintomas digestivos.
Mas, segundo o Dr. Alexander Rolim, outros sintomas, que aparentemente podem indicar outro tipo de doença, também são sintomas de problemas digestivos.
Por exemplo: tosse seca, dor no peito, sinusite, asma, dor de cabeça, déficit de atenção e lesões na pele.
A automedicação, chás e remédios caseiros, podem até ser utilizados como recurso em situações pontuais.
Porém, o especialista alerta que em caso de permanência dos sintomas, é importante buscar ajuda especializada para investigar as causas do problema.
“É preciso prestar atenção à recorrência desses sintomas para buscar o atendimento de um médico”.
Prevenção
Para prevenir a saúde gastrointestinal é fundamental ter um estilo de vida equilibrado. Isso inclui alimentação saudável e balanceada e exercícios físicos regulares.
É importante tratar ou prevenir a obesidade ou sobrepeso, eliminar o tabagismo e gerir o estresse.
Todos estes fatores desencadeiam ou pioram os transtornos gastrointestinais.
Além disso, é importante consultar o médico e fazer exames preventivos e de rastreio.
Um exame importante é a colonoscopia, que pode, inclusive, evitar o câncer colorretal.
Isto porque o exame identifica e, ao mesmo tempo, retira lesões pré-cancerígenas.
Recomenda-se a colonoscopia para pacientes com sintomas de origem intestinal como sangramento nas fezes, diarreia, intestino preso e dor abdominal.
De acordo com a Fundação AC Camargo Câncer Center, para a população sem sintomas o ideal é fazer o exame a partir dos 45 anos e repeti-lo a cada 10 anos.
Alimentação saudável: a base da saúde digestiva
A melhor maneira de diminuir as complicações na saúde digestiva é através da prevenção, sobretudo promovendo alterações no estilo de vida.
Em relação aos hábitos alimentares é fundamental substituir alimentos industrializados e ultraprocessados por comida de verdade.
Os alimentos ultraprocessados possuem uma série de aditivos químicos que estão relacionados com doenças inflamatórias e câncer.
A inclusão de fibras contribuem para uma melhor saúde intestinal.
A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de 25g de fibras diariamente.
Porém para evitar gases intestinais deve-se introduzir as fibras gradativamente na dieta.
Porém fazer uso regular de fibras, reque beber água regularmente. Isto por que as fibras promovem aumento do bolo fecal e sem hidratação há risco de obstipação, conhecida popularmente como prisão de ventre.