Para quem tem diabetes tipo 2, é importante entender como tratar corretamente a doença. Compreender e seguir as recomendações, baseadas em evidências cientificas, vai controlar o açúcar no sangue e evitar as temidas complicações tardias.
Neste post eu quero explicar como tratar corretamente a diabetes e o que fazer para ter o melhor controle da doença. Isto pode significa viver com mais saúde e qualidade de vida apesar da diabetes e, em algumas casos, até mesmo a remissão da doença.
O primeiro ponto importante desta nossa conversa é entender que não se trata apenas de tomar um medicamento. Lembre-se: a medicação é importante, mas não contem a progressão da diabetes. Há três coisas importantes para alcançar um bom controle glicémico e que chamamos tríade terapêutica: alimentação, exercício físico e medicação. E somado a isto, temos uma um quarta, e não menos importante, recomendação: educação em diabetes.
Vamos explicar importância da cada uma delas e como elas ajudam a manter a doença sob controle ou até mesmo em remissão.
Alimentação no tratamento da diabetes tipo 2
A alimentação é a chave mais importante para o controle da glicemia. Se feita de forma correta, vai permitir uma redução da medicação e até mesmo a remissão da diabetes tipo 2. Os resultados das mudanças na alimentação podem ser comprovados através da Hemoglobina Glicada. Trata-se do exame que mostra os níveis de açúcar no sangue a cada três meses. É o principal exame solicitado pelos médicos para acompanhar o controle e a evolução da diabetes. A principal vantagem das mudanças alimentares é a qualidade de vida a longo prazo, pois vai reduzir as chances de complicações secundárias provocadas pela hiperglicemia persistente .
As hiperglicemias na diabetes tipo 2 estão muito relacionadas as refeições ricas em carboidratos ou hidratos de carbono (pão, batata, macarrão, arroz, bolos, refrigerantes.). Todos estes alimentos viram glicose no sangue e vai provocar hiperglicemias. Quando temos muita glicose no sangue, vamos precisar sempre de uma quantidade maior de insulina, hormônio necessário para que a glicose entre dentro das células. Na diabetes tipo 2, temos que pensar em refeições que poupem as células do pâncreas de produzir insulina, prologando ao máximo a sua vida útil.
O que acontece no tratamento convencional da diabetes é que muitas pessoas usam os medicamentos prescritos e comem de tudo, sem poupar o pâncreas. Com o temos as células que produzem insulina vão morrendo e a sua produção é cada vez menor. Isso leva a necessidade de mais medicamento e por fim, muitos pacientes com diabetes tipo 2 começam a utilizar insulina diariamente.
Como se alimentar
Na diabetes tipo 2, devemos utilizar os alimentos que não impactam o açúcar no sangue como vegetais de baixo amido, frutos vermelhos e proteínas como carne, peixe e frango, frutos do mar. Aqui no site temos uma lista de alimentos permitidos na alimentação de baixo hidratos de carbono (low carb), recomendada pela Associação Americana de Diabetes.
Evite alimentos industrializados, processados e fast food. Não se trata só de não fazer bem para pessoas com diabete. Alimentos refinados, ultra processados não fazem bem a ninguém, mas no caso da diabetes este tipo de alimentação interfere bastante no controle da doença.
Diabetes Tipo 2: qual a importância do exercício físico
O segundo ponto do tratamento da diabetes é o exercício físico. Eu costumo dizer que o exercício físico é o “Abre-te Sésamo” da célula. Isto por que vai permitir a entrada da glicose sem a necessidade de insulina, poupando as células do pâncreas.
Vamos entender como funciona este processo? Dentro da célula temos transportadores de glicose. E alguns dependem da insulina para se expressarem na membrana da célula, possibilitando a sua abertura para a entrada da glicose.
Este tipo de transportador chama-se GLUT4 e está presente nas células do tecido musculoesquelético, cardíaco e adiposo. A mágica e que com a atividade física o Glut 4 atua sem a intermediação insulina.
Portanto, o exercício físico juntamente com alimentação correta, vai contribuir para reduzir a resistência insulina, um condição presente na diabete tipo 2 que força o pâncreas a produzir insulina a mais, levando ao enfraquecimento da células produtoras.
A resistência insulínica leva a níveis aumentados de insulina na corrente sanguínea o que favorece a obesidade e, por consequência, maior necessidade de medicamentos. Isto por que a insulina é uma hormona que tem outras funções e uma delas é armazenar a gordura no tecido adiposo. Por isso, afirmamos que a insulina é lipogénica. Lipo, significa gordura e genes significa novo.
Níveis aumentados de insulina no sangue também dificultam a perda de peso, por que a insulina impede a lipolise, que é a quebra das células de gordura. Por isso que a grande maioria das pessoas com diabetes tipo 2 tem excesso de peso.
Medicação no tratamento da Diabetes Tipo 2
Os medicamentos usados na diabetes tipo 2 são conhecidos como hipoglicemiantes. Todos tem como objetivo final controlar o açúcar no sangue, mas por mecanismos de atuação diferentes. O padrão ouro no tratamento inicial da diabetes tipo 2 é um medicamento chamado Metformina. Ele assume outros nomes comerciais de acordo com o laboratório fabricante mas na bula vem descrito o seu nome correto. É um medicamento muito bem tolerado e possui como vantagens não provocar hipoglicemias e não favorecer o aumento o peso.
Nem todo muito porém pode tomar metformina. Este medicamento está contraindicado, por exemplo, em pessoas com a função renal comprometida. Por isso, a escolha do medicamento e doses será sempre feita pelo médico de acordo com uma avaliação individual.
Por que tomar apenas a medicação faz a doença progredir?
Por que a medicação apenas ajuda a baixar o açúcar no sangue, mas não protege as células que produzem insulina, chamadas de beta pancreáticas. Por isso, com o tempo elas entram em exaustão e começam a produzir cada vez menos insulina. A própria hiperglicemia, ou seja, o açúcar elevado no sangue, contribui para danificar as células do pâncreas.
Para conter as hiperglicemias, novos medicamentos serão introduzidos no tratamento da diabetes tipo 2. A intenção é estimular o pâncreas a produzir mais insulina para ajudar a glicose a entrar dentro das células. São medicamentos chamados de secretagogos da insulina, a exemplo das sulfonilureias. Este nome geralmente não aparecem na caixa do remédio, mas podemos identifica-los na leitura da bula.
Diabetes tipo 2: de que depende a remissão ?
Na diabetes, para ter qualidade de vida e longevidade, é preciso ter as glicemias normais e “economizar” insulina para preservar a saúde do pâncreas, evitando a falência das células produtoras.
A única forma de atingir estes objetivos é incluir a alimentação e exercício físico como parte integrante do tratamento da Diabetes tipo 2. Quando isso acontece, há naturalmente uma redução da necessidade de medicação e em alguns casos, a doença entra em remissão.
Há cada vez mais médicos que trabalham pela remissão e retirada da medicação quando possível. Entretanto, é preciso entender que nem todos, mesmo fazendo estas mudanças, entrarão em remissão, mas com certeza terão uma redução na medicação. Isto por que além das mudanças no estilo de vida, a remissão completa dependerá evolução da diabetes ao longo dos anos e da quantidade de insulina que o pâncreas ainda é capaz de produzir.
Verdade seja dita, as chances de remissão são maiores quando estas medidas são adotadas nos primeiros anos da doença. Quanto mais avançada a diabetes, menores as chances de remissão completa.
Uma coisa é absolutamente verdadeira: as mudanças vão diminuir a quantidade de medicação, poupar o pâncreas e proporcionar mais saúde e qualidade de vida, reduzindo as chances de complicações tardias da diabetes
Recomendação importante:
Se pretende fazer mudança de hábitos alimentares e iniciar o exercício como parte do tratamento para diabetes, consulte o seu médico ou um profissional que trabalhe com dieta para remissão de diabetes.
É importante não fazer as mudanças sem acompanhamento médico se já faz uso de insulina ou medicamentos que estimulam o pâncreas a produzir mais insulina, como as sulfonilureias. Neste caso será preciso reduzir estas medicações primeiro, devido ao risco de hipoglicemias.
Espero muito que este artigo, tenha lhe ajudado a compreender o tratamento e a remissão da diabetes.
Desejo-lhe um 2023 com muita mais saúde e qualidade de vida!
um forte abraço
Cíntia Oliveira
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Alagoas – Brasil.
Licenciada em enfermagem pela Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha Portuguesa– Portugal.
Pós-graduada em nutrição funcional pela Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU)- Portugal
Pós-graduada em Direitos Humanos pela Universidade Estadual da Bahia – Brasil