Quando uma pessoa precisa controlar a diabetes a primeira duvida que surge é: qual a melhor dieta para diabetes? Estudos de alta qualidade científica, demonstram que uma alimentação baixa em hidratos de carbono, mais conhecida como low carb, é a mais eficiente para o tratamento nutricional da diabetes.
Imagine que uma pessoa é intolerante ao glúten. Logo, a indicação é que retire o glúten, porque este lhe faz mal. E se uma pessoa for intolerante ao “açúcar” ou aos hidratos de carbono, o que deveria ser indicado pela lógica? Retirar ou diminuir ao máximo os alimentos que se transformam em açúcar no sangue. Se a diabetes se caracteriza por uma hiperglicemia persistente, ao retirar os alimentos que mais fazem a glicose ou o “açúcar” no sangue aumentar , será mais fácil manter os níveis controlado no sangue. De forma simples, esta comparação nos permite compreender por que a low carb é tão eficaz no controle da diabetes.
Alimentos se transformam em açúcar no sangue?
E quais os alimentos que se transformam em açúcar no sangue? Os hidratos de carbono ou carboidratos. Nesta classe de alimentos temos por exemplo: pão, arroz, macarrão, bolos, biscoitos, pizzas etc. Adotar uma dieta low carb, portanto, significa mudar o padrão alimentar. Sendo assim, a alteração na dieta não será uma mudança apenas por um curto prazo, mas uma mudança de estilo de vida. Ou seja, significa passar a fazer refeições saudáveis, baseadas em comida de verdade, mas com poucos hidratos de carbono.
As pesquisa demonstram que estas mudanças possibilitam um maior controle da diabetes, a redução da medicação ou em alguns casos a remissão da doença. Neste último caso, as pesquisas também demonstram que se as mudanças forem feito nos dois primeiros anos a partir do diagnóstico as chances de remissão são maiores.
Associação Americana de Diabetes indica a low carb
A partir de 2018, a low carb foi incluída como estratégia nutricional tanto pela Associação Americana de Diabetes (ADA) quanto pela Associação Europeia para os Estudos da Diabetes. Até então, não havia um consenso dessas entidades, apesar de haver muitos estudos demonstrando a eficiência e segurança da dieta low carb.
Em 2019, a ADA publicou na sua diretriz que “reduzir a quantidade total de carboidratos para indivíduos com diabetes demonstrou a maior quantidade de evidências para a melhora da glicemia”. O documento refere ainda que “a low carb, especialmente very e low carb, tem demonstrado reduzir a hemoglobina glicada e a necessidade de medicação na diabetes tipo 2”.
Neste documento a ADA afirma, pela primeira vez, que a “necessidade de hidratos de carbono difere de de individuo para indivíduo”. Agora Associação Americana de Diabetes vende um guia low carb e very low carb na diabetes tipo 2 para profissionais de saúde.
Outras associações que reconhecem a importância da low carb são: a Associação de Diabetes do Canadá, da Austrália e do Reino Unido. Essas entidades, defendem a low carb com base na evidência científica, em estudos de meta análise que são os de maior qualidade e rigor na área de saúde.
A titulo de exemplo, podemos citar um estudo clínico randomizado que dividiu dois grupos de pessoas com diabetes. Ao primeiro, ofereceu uma alimentação low carb. Já ao segundo grupo, manteve uma alimentação normal. Depois de um certo período, comparou os resultados. O grupo que adotou a dieta low carb, melhorou significativamente a hemoglobina glicada. Além disso, melhorou outros parâmetros como os triglicerídeos, o colesterol HDL e a tensão arterial.
Quais alimentos são permitidos na melhor dieta para diabetes?
Adotar uma alimentação baixa em hidratos de carbono, significa dizer que sua alimentação será baseada em ovos, carnes, peixe, frango, frutas e vegetais com pouco açúcar. Para que esta alimentação seja bem sucedida deve retirar os alimentos refinados, processados e ultra processados, optando por comer comida de verdade.
Atenção: que tem diabetes e faz uso de medicamentos hipoglicemiantes ou mesmo de insulina deve ter o cuidado de promover as mudanças na alimentação de forma segura e equilibrada. É importante conversar com o médico que lhe acompanha por que você será preciso diminuir as doses da medicação para evitar hipoglicemias.
Referências:
Melanie J. Davies, Vanita R. Aroda, Billy S. Collins, Robert A. Gabbay, Jennifer Green, Nisa M. Maruthur, Sylvia E. Rosas, Stefano Del Prato, Chantal Mathieu, Geltrude Mingrone, Peter Rossing, Tsvetalina Tankova, Apostolos Tsapas, John B. Buse; Management of Hyperglycemia in Type 2 Diabetes, 2022. A Consensus Report by the American Diabetes Association (ADA) and the European Association for the Study of Diabetes (EASD). Diabetes Care 1 November 2022; 45 (11): 2753–2786. https://doi.org/10.2337/dci22-0034
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