A pressão alta, de modo simples, é o aumento excessivo da força com que o sangue circula nas artérias. Se acontecer de forma persistente estamos diante de uma doença crônica chamada hipertensão arterial (HTA).
Considera-se como hipertensão arterial uma pressão que mede igual ou maior a 140/90 mmHg ou simplesmente 14/9 como se diz popularmente.
Precisamos entender que a pressão que o sangue exerce dentro das artérias, também conhecida por tensão arterial, é necessária para que este circule e chegue a todos os tecidos e órgãos do corpo.
Porém, quando esta pressão aumenta muito, e de forma crônica, é preciso cuidar, pois esta condição causa lesão na parede dos vasos sanguíneos. A hipertensão arterial é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares e renais.
O principal problema da pressão alta é o fato dela ser silenciosa ou assintomática. Ou seja, não apresenta sintomas, o que faz com que muitas pessoas tenham pressão elevada e não saibam. E pior ainda: muitas pessoas que são diagnosticadas com hipertensão, por não sentirem nada, abandonam o tratamento.
Causas da pressão alta ou hipertensão arterial
Alguns fatores podem levar a pressão subir, eventualmente, tais como: medicamentos, alimentação, estresse, dor, ansiedade. Porém, é preciso observar e investigar se é apenas um fato isolado ou se não seria um caso de hipertensão arterial. Por isso, é importante marcar uma consulta e fazer uma avaliação com o médico.
Existem dois tipos de hipertensão arterial: a chamada primária ou essencial e a secundária.
No caso da hipertensão essencial ou primária, considera-se a sua causa desconhecida porém com fatores que podem predispor o seu surgimento tais como: obesidade, envelhecimento e histórico familiar. Mais de 90% dos casos de hipertensão arterial são de causa primária.
Já a hipertensão secundária é derivada de uma causa identificável, por isso é preciso tratar antes de mais nada a causa que provoca a subida da pressão arterial. Estima-se que entre 5 a 10% dos casos pressão alta persistente sejam por questões secundárias.
São causas secundárias de hipertensão: síndrome da apneia obstrutiva do sono, doenças renais, disfunção de glândulas tireóide e hiperparatiroidismo, doenças do coração, uso anticoncepcionais ou contraceptivos orais e a gravidez.
Compreenda os valores da pressão arterial
A pressão arterial resulta em duas medidas, a sistólica também chamada de máxima e a diastólica, chamada de mínima. Vamos entender cada uma delas:
Sistólica/máxima- é a que aparece primeiro e se relaciona a contração cardíaca, ou a força que o coração faz para expulsar o sangue e enviá-lo para os tecidos e órgãos através da circulação.
Diastólica/mínima – este é o número que aparece segundo e representa a pressão do sangue quando o coração está relaxado e volta a se encher de sangue.
Fatores de risco para desenvolver HTA
Há condições que favorecem o desenvolvimento de hipertensão arterial e algumas delas estão relacionadas ao estilo de vida, por isso mesmo são chamadas de fatores de risco modificáveis.
Fatores de risco modificáveis
- Obesidade e sobrepeso
- Sedentarismo
- Álcool – consumo excessivo
- Excesso de sódio e baixa ingestão de potássio
- Determinados medicamentos
- Tabagismo – ser fumante ou fumador
- Uso de drogas ilícitas
Fatores de risco não modificáveis
- Histórico familiar
- Idade – quanto maior a idade, maior a chance da pressão arterial aumentar
Sintomas de pressão alta
Via de regra a pressão alta não apresenta sintomas. Em alguns casos a pessoa pode sentir dores de cabeça, tontura, dor no peito, falta de ar. A hipertensão não tratada, porém, com o passar dos anos vai provocar lesões em alguns órgãos e aí podem surgir sintomas relacionados a estas complicações. É o caso por exemplo, da falência renal.
Como é feito o diagnóstico da hipertensão arterial?
O diagnóstico deve ser feito por um médico, em pelo menos duas consultas diferentes. É importante também, aferir (medir) duas vezes a pressão arterial na mesma consulta. Uma pressão arterial igual ou maior que 14/9 é classificada como hipertensão arterial.
Considera-se ainda como diagnóstico válido medições fora do consultório feitas através da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial,MAPA, um método de medição automática através de um dispositivo colocado na cintura do paciente.
Você pode se perguntar, mas eu não posso medir a minha tensão, através de um medidor digital, e constatar que tenho pressão alta? Sim claro, é importante você ter este cuidado até para marcar consulta com o médico caso observe alterações dos valores.
Entretanto, é importante compreender que somente com o diagnóstico médico, poderá ter acesso a prescrição do medicamento para tratar a hipertensão e ter acompanhamento correto, incluindo exames, seja pelo sistema público ou privado.
Qual o tratamento para hipertensão arterial?
O tratamento geralmente se inicia pelas mudanças no estilo de vida para hipertensos em grau 1 (14/9mmHg) de acordo com a avaliação de risco feita pelo médico. A avaliação leva em conta fatores associados como histórico familiar, diabetes, colesterol elevado, etc.
As mudanças sugeridas para reduzir a pressão alta incluem perda de peso, redução do consumo de sal, aumento da ingestão de vegetais, hortaliças e frutas para aumentar o aporte de potássio, prática de atividade física, cessação da tabágica e redução da ingestão de álcool.
Apenas quando estas medidas não são suficientes, sugere-se o início do tratamento farmacológico com um medicamento anti-hipertensor.
Nas pessoas idosas, entre 65 e 80 anos, quando a pressão sistólica elevada situa-se no grau 1 (140-159) recomenda-se intervenções no estilo de vida associado a medicação, desde que bem tolerada.
E para quem não deseja tomar medicamentos?
Todos têm o direito de escolher e testar uma opção de tratamento que se adeque ao seu estilo de vida, inclusive um tratamento natural para pressão alta. O mais importante é tomar decisões conscientes e buscar ajuda qualificada.
Antes de mais nada, investigue o assunto, pois quem tem o diagnóstico de pressão alta deve levar o tratamento a sério. Não deve ser ingênuo a ponto de imaginar que basta tomar determinada substância por um tempo que vai ficar curado.
O tratamento da hipertensão é contínuo, salvo algumas exceções, e por isso mesmo precisa ser sustentável e seguro a longo prazo. Como a pressão alta geralmente não dá sintomas, deve-se ter o cuidado de aferir sempre a pressão arterial ainda que se imagine “curado”.
A Organização Mundial da Saúde, inclusive, considera que o melhor método de acompanhamento da hipertensão tratada, a longo prazo, é a automedição domiciliar. Lembre-se: a saúde é sua por isso deve buscar sempre agir consigo mesmo de forma cuidadosa e responsável.
*Cíntia Oliveira é jornalista – Licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Saúde Norte da Cruz Vermelha Portuguesa, pós graduada em Nutrição Funcional e Terapêutica Ortomolecular e pós graduada em Direitos Humanos.
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