Sobrevivente da Boate Kiss luta na justiça para garantir próteses

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Dez anos depois  do incêndio que matou 242 pessoas em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, alguns dos sobreviventes  enfrentam batalhas judiciais para conseguir uma rotina de vida minimamente adequada.

É o caso da influencer  e  terapeuta ocupacional   Kelen Ferreira (@fereirakelenn) que teve 18% do corpo queimado e precisou amputar a perna. Hoje ela   utiliza prótese para se locomover.

O problema,  para  jovem de 29 anos,  é que  sua prótese atual está vencida e a compra de uma nova custa cerca de R$140 mil.

a foto de kelen ferreira com perna amoutada e braços com cicatrizes de queimadura, devido ao incendio ocorrido na boate Kiss queimados
Kelen recorreu ao Estado para comprar próteses e  realizar suas atividades de vida diária. Foto: divulgação

Kelen ajuizou um novo processo judicial  para obter a substituição imediata de suas próteses e conseguiu uma liminar neste sentido.  Entretanto, o  Estado recorreu da decisão e, para sua surpresa, o Desembargador Relator do caso, Des. Leonel Pires Ohlweiler, suspendeu a liminar para que a sobrevivente aguardasse a prova pericial e somente depois recebesse as próteses.

Enquanto aguarda,  Kelen está utilizando próteses emprestadas. A situação,  segundo el,  é muito dolorosa, pois a prótese precisa ser moldada ao membro. No seu caso, ao ser obrigada a usar uma emprestada, as sobras acabam criando machucados e dificultando a  locomoção.

“Por isso tenho que fazer as atividades básicas da minha rotina com muita dor, pois não tenho condições de arcar com esses custos”,  afirma.

Segundo  advogada , Jaciara Caetano, do escritório Jobim Advogados, que atua voluntariamente no caso,  a  utilização das próteses é imprescindível para que a jovem possa realizar suas atividades cotidianas, assim como desempenhar seu trabalho no Hospital de Pelotas.

A substituição, ressalta a advogada,  requer urgência para que se evite complicações físicas, conforme demonstrado por laudos médicos.

“O direito da Kelen de receber do Estado e/ou município as próteses está previsto na Constituição Federal, na Lei Estadual nº 9.908/93, assim como no próprio entendimento do Tribunal de Justiça que já julgou anteriormente o caso procedente”, questiona Jaciara.

A advogada não concorda com a necessidade de Kelen precisar provar novamente , via perícia, a condição dela uma vez que a sua situação de saúde continua a mesma. “Será que a cada 3 anos vamos ter que enfrentar lutas como essa?  É desumano, considerando tudo que ela já passou”, enfatizou.
Tudo que Kelen deseja é ver  a situação seja resolvida o mais breve possível.  “Preciso das próteses para ter uma vida sem limitações”, lembra emocionada.  Há cinco anos, Kelen trabalha no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, atendendo pacientes adultos.
Com 245 mil seguidores no Instagram,  ela  incentiva pessoas com deficiência e as encoraja a  conviver com a falta de um membro.
Em 2013, Kelen  já teve seu direito deferido quando conseguiu , através da justiça,  fazer com que  o Estado arcasse com as próteses. Ocorre que, conforme o laudo médico atualizado, é necessária a imediata substituição das próteses, considerando que os componentes apresentam uma vida útil de 2 milhões de ciclos (passos), o que representa uma média de 2 anos para uma  uma paciente ativa. Prazo que venceu em 2022.

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