A anemia é uma condição em que há diminuição anormal do número de glóbulos vermelhos ou de hemoglobina, proteína presente no sangue responsável pelo transporte de gases como o oxigênio.
Considera-se anemia quando o valor da hemoglobina é menor que 12 g/dL em mulheres ou 13 g/dL em homens.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população mundial sofre de algum tipo de anemia.
São vários os fatores que podem causar anemias. Dentre eles, estão: processos infecciosos crônicos, causas hereditárias e deficiência de nutrientes.
As anemias causadas por falta de nutrientes essenciais são chamadas de anemias carenciais.
Existem dois tipos de anemias carenciais: ferropriva e megaloblástica. Vamos entender cada uma delas:
Anemia ferropriva
A anemia ferropriva ou ferropênica é aquela que é ocasionada pela deficiência do ferro.
O ferro é responsável pela captação do oxigênio, pois tem facilidade de se ligar a ele. Além disso, ele é essencial para a formação da hemoglobina.
A maior parte do ferro presente do organismo é oriundo da dieta e da reciclagem de hemácias.
Quanto à dieta, existem duas possibilidades: ferro proveniente de vegetais e ferro proveniente de origem animal (carne vermelha, laticínios e ovos).
O ferro obtido pela ingestão de alimentos de origem animal é melhor absorvido no intestino do que o ferro obtido pela ingestão de vegetais.
Causas
Dentre as principais causas da deficiência de ferro estão a falta de ingestão de alimentos de origem animal e baixos níveis socioeconômicos, que geralmente está acompanhado de falta de saneamento básico.
Por conta disso, há uma predisposição maior a infecções parasitárias, que costumam provocar anemias.
Em adultos, uma das principais razões da deficiência de ferro é a perda de sangue.
A anemia ferropriva é a anemia mais prevalente em todo mundo. Geralmente, acomete crianças na fase de desenvolvimento, gestantes e mulheres em idade fértil.
Consequências
Quando o ferro está em quantidades baixas no organismo, a medula óssea não consegue produzir quantidades suficientes de hemácias, causando uma diminuição na concentração de hemoglobina.
Por conta disso, há uma diminuição na quantidade de oxigênio fornecido aos tecidos, o que pode afetar a produtividade, comprometer o desempenho físico, a concentração, o apetite de indivíduos anêmicos. Nas crianças pode ainda afetar o crescimento e a linguagem. Pode ainda diminuir a imunidade e aumentar a probabilidade de infecções.
Sintomas da anemia ferropriva
- Palidez
- Anorexia
- irritabilidade
- Apatia
- Cansaço
- Dificuldade de concentração
- Déficits motores
- Sonolência
- Dor nas pernas
Diagnóstico
Através do hemograma e do estudo do ferro, o médico pode identificar e diagnosticar este tipo de anemia.
Muitas vezes, exames complementares são necessários para identificar a causa dessa deficiência.
Anemia ferropriva e o hemograma
Nos casos de anemia ferropriva, ao observar o hemograma, nota-se algumas alterações:
É uma anemia microcítica e hipocrômica – isso quer dizer que as hemácias tem um tamanho menor que o normal e a concentração de hemoglobina está baixa.
Observa-se:
- Diminuição do volume corpuscular médio (VCM)
- Diminuição da hemoglobina corpuscular média (HCM)
- Diminuição da concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM)
Tratamento
No caso da anemia ferropriva o médico avalia o tratamento que além da mudança nos hábitos alimentares pode necessitar de suplemento de ferro ou ainda transfusão de sangue, em casos mais graves.
Em relação às mudanças alimentares é mandatório o aumento do consumo de alimentos ricos em ferro como por exemplo carne bovina, fígado de frango, frutos do mar, espinafre, brócolos, couve, feijão, sementes de gergelim.
Anemia megaloblástica
A anemia megaloblástica pode ser causada por dois fatores: deficiência de folato ou de vitamina B12 (cobalamina). Ambos são importantes para a síntese de DNA.
Com essa deficiência de B12 ou folato, a síntese de DNA fica comprometida. Assim, as células aumentam de tamanho (se preparando para a divisão celular), mas por conta da do comprometimento da síntese de DNA, essa divisão não acontece.
Dessa maneira, as células ficam anormalmente maiores e com material genético imaturo.
A anemia megaloblástica geralmente acomete idosos, pessoas com dieta que tem pouca ingestão de proteína ou indivíduos com doenças que causam má absorção intestinal, o que provoca deficiência de nutrientes.
Causas
Tanto a deficiência de vitamina B12 como a deficiência de folato podem estar associados à dieta – composta por alimentos pobres nesses nutrientes.
Contudo, a deficiência de vitamina B12 no organismo também pode acontecer por falta do fator intrínseco.
Trata-se de uma substancia produzida no trato digestivo que é responsável pela absorção da vitamina B12 no intestino.
Geralmente acomete pessoas com gastrite autoimune ou que fizeram cirurgia barátrica. Pode ainda afetar pessoas que fazem uso crônico de medicamentos Inibidores da Bomba de Protons (IBP), popularmente conhecidos como “prazois”, usados para diminuir a acidez gástrica.
O consumo de álcool também pode diminuir a absorção do folato pelo intestino..
Sintomas da anemia megaloblástica
Os principais sintomas da anemia megaloblástica são:
Perda de apetite
Enjôo, diarréia
Dores abdominais
Úlcera na boca
Palidez
Cansaço.
Quando acomete mulhers gravidas, pode haver aceleração do parto ou má formação do feto.
Na anemia causada pela deficiência de vitamina B12, alguns sintomas neurológicos podem aparecer tais como alterações neuropsiquiátricas e neuropatia óptica (lesão do nervo óptico).
Diagnóstico
Através do hemograma e dos níveis de B12 e folato, o médico pode identificar e diagnosticar este tipo de anemia.
Muitas vezes, exames complementares são necessários para identificar a causa dessa deficiência.
Anemia megaloblástica e o hemograma
É uma anemia macrocítica e normocrômica. Isso quer dizer que as hemácias estão maiores que o normal, porém a concentração de hemoglobina se mantém inalterada.
No hemograma observa-se um aumento do volume corpuscular médio (VCM)
Outras alterações que podem vir no hemograma em casos de anemia megaloblástica são:
- Anisocitose – desigualdade no tamanho das células
- Neutrófilos hipersegmentados
- Poiquilocitose – alteração no formato das hemácias
- Pancitopenia – redução no número de hemácias, leucócitos e plaquetas
Quando alguma dessas alterações estão presentes, esses termos constam no campo de observações do hemograma.
Tratamento
O tratamento para anemia megaloblástica implica em suplementar a vitamina em falta B12, folato ou ambas além de uma dieta rica nestes nutrientes como leite, queijo, ovos, iogurte, carnes, fígado, atum, sardinha.
O médico vai sempre excluir deficiência de B12 antes de usar suplementos de folato.
Isto porque não fazer isso pode mascarar a deficiência concomitante de B12 e levar à progressão das complicações neurológicas.
REFERÊNCIAS
AMARANTE, M.K. et al., Anemia Ferropriva: uma visão atualizada. Biosaúde. v. 17, n. 1, 2015. Acessado em 13 de mar de 2023. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/biosaude/article/view/25298
REVISTA SAÚDE EM FOCO. Anemia megaloblástica: uma revisão de literatura. 2019. Acessado em 13 de mar de 2023. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2019/10/082_ANEMIA-MEGALOBL%C3%81STICA.pdf
De Santis, Gil Cunha. “Anemia: definição, epidemiologia, fisiopatologia, classificação e tratamento.” Medicina (Ribeirao Preto) 52.3 (2019): 239-251.Acessado em 13 de mar de 2023. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/download/156726/157320/377752