Atualizado em 08/12/2022
A nefropatia diabética é uma complicação tardia da diabetes e uma das causas mais frequentes de doença renal crônica terminal. Antes de explicar com mais detalhes como ela se desenvolve, precisamos entender que o maior desafio da pessoa com diabetes é manter a glicemia em níveis normais. Isto porque as complicações da diabetes são decorrentes do açúcar elevado no sangue, que chamamos de hiperglicemia. Geralmente, elas são silenciosas, mas a longo prazo os danos começam a aparecer e o rim é um dos órgãos afetados.
O açúcar ou a glicose elevada no sangue causa danos aos vasos sanguíneos. Estas lesões podem ser macrovasculares, quando ocorrem nos grandes vasos. Justamente por isso a diabetes é um fator de risco para doença coronariana incluindo o infarto do miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e doença arterial periférica (DAP).
As hiperglicemias persistentes também desencadeiam problemas microvasculares. Ou seja, afeta os pequenos vasos sanguíneos que passam pelos olhos, pelos nervos e pelos rins, causando a retinopatia, a neuropatia e a nefropatia diabética. O termo nefropatia tem o seguinte significado: nefro (rim) + patia (doença) ou seja doença renal.
ENTENDA COMO A DIABETES CAUSA A DOENÇA RENAL CRÔNICA
O néfron é a unidade funcional dos rins e sua função é filtrar o sangue retirando impurezas que devem ser eliminadas pela urina por serem tóxicas ao organismo. Todos os componentes necessários para a manutenção da vida, presentes no sangue, passam pelo néfron e retornam para a corrente sanguínea. Temos cerca de 1 milhão de néfrons em cada rim e dentro de cada um há uma estrutura chamada glomérulo, local onde ocorre a filtração. Apenas 1% do que entra no glomérulo, será eliminado em forma de urina. O restante é reabsorvido pelo rim e retorna para circulação sanguínea.
A hiperglicemia, que é o açúcar elevado no sangue, provoca um aumento da pressão nas arteríolas, que são os microvasos que levam o sangue para dentro do glomérulo. Quanto mais sangue entra no glomérulo, maior será a pressão, provocando um fenômeno chamado hiperfiltração.
Esta hiperfiltração causa a morte dos podócitos, as células que formam a barreira do sistema de filtração. Quando elas morrem é como se a “peneira” ficasse “rota”. A partir daí, substâncias que deveriam retornar ao sangue depois de passarem pela filtração começam a “vazar pela urina”. É o caso das proteínas, sendo uma das mais importante a albumina, responsável por manter os líquidos dentro dos vasos sanguíneo.
COMO A DOENÇA RENAL CRÕNICA SE DESENVOLVE
Os danos nos rins vão acontecendo ao longo da diabetes, levando ao desenvolvimento da doença renal crônica. Além de destruir os “filtros” renais, a pressão aumentada dentro dos rins provoca lesões nos capilares sanguíneos que nutrem o órgão. Com o tempo, estes capilares ficam espessos, pois perdem a capacidade de contratilidade, prejudicando a irrigação sanguínea nos rins. Os capilares podem ser obstruídos devido a microtrombos (pequenos coágulos). Tudo isso acaba por conduzir à falência renal. Quando os rins deixam de funcionar, a pessoa com diabetes precisa fazer hemodiálise.
Por isso, a pessoa com diabetes deve fazer exames periódicos para acompanhar a capacidade de filtração dos rins e avaliar a função renal. O exame de proteinúria ou albuminúria por exemplo, pode revelar perda de proteínas pela urina e indicar o inicio da doença renal cronica. É muito importante acompanhamento médico profissional, pois de acordo com a condição dos rins, será necessário substituir ou diminuir a dose de determinados medicamentos.
A FALÊNCIA RENAL NA DIABETES
A diabetes, em todo mundo, é a primeira ou segunda causa de doença renal crônica terminal. Essa disputa entre “primeiro” e “segundo lugar” se dá entre a diabetes e a hipertensão arterial mais ou menos pelo mesmo danos que as duas doenças ocasionam aos rins.
A falência renal é o ultimo estágio da doença renal crônica. Quando acontece será necessário fazer diálise ou transplante renal. No caso da diálise é necessário ir três a quatro vezes na semana para um centro médico especializado e realizar a filtragem do sangue através de máquinas.
COMO PREVENIR A NEFROPATIA NA PESSOA COM DIABETES?
A melhor forma de prevenir nefropatia ou a doença renal crônica na pessoa com diabetes é manter o controle da glicemia, da pressão arterial e ter acompanhamento profissional.
As hiperglicemias são maioritariamente silenciosas por isso lembre-se: não é por que não sentimos que os danos não acontecem. Outros cuidados importantes são tratar as infecções urinárias e evitar a automedicação, pois alguns medicamentos de venda livre podem trazer danos aos rins
É muito importante que a pessoa com diabetes compreenda que o controle da glicemia não é feito apenas com medicação. O tratamento deve incluir alimentação adequada e exercícios físicos. É o que na área de saúde, chamamos de tríade terapêutica: alimentação, exercício físico e medicação. As pessoas que não seguem estas regras, infelizmente, são as que estão mais propensas a terem complicações tardias como a nefropatia diabética.
Lembramos que em nosso canal no YouTube você encontra uma série de vídeos sobre Diabetes. Eles foram pensados para ajudar pessoas com diabetes, familiares e cuidadores. Acreditamos que quanto mais conhecimento sobre a doença , melhor será para gerir ou ajudar alguém a fazer a gestão da diabetes.