O exame de urina, também conhecido por sumário de urina, é um exame simples, barato. Serve para identificar problemas do trato urinário, assim como outras desordens sistêmicas, como a diabetes, por exemplo.
A formação da urina é algo complexo, mas pode ser resumida da seguinte maneira: os rins filtram uma grande quantidade de sangue por dia. Nesse processo, algumas substancias são reabsorvidas e voltam para o sangue e outras são excretadas.
Assim, pode-se dizer que a urina é o que “sobra” do sangue filtrado. Tudo aquilo que não foi absorvido novamente pelos rins é excretado na urina.
Tipos de exame de urina:
- Sumário de urina
- Urina de 24 horas
- Urocultura
Exame de urina: indicações
O sumário de urina é um exame de rotina. Contudo, é indispensável quando há suspeita de infecções no trato urinário, disfunção renal e diabetes. Outros nomes para este exame são: Exame simples de urina, Urina do tipo 1, Exame de Elementos Anormais e Sedimentos (EAS) e ainda Exame Quantitativo de Urina (EQU)
A Urina de 24 horas, solicita-se com com o objetivos de avaliar a função renal e, de forma mais específica, a presença de proteínas, a dosagem de creatinina, cálcio, fósforo e outros eletrólitos na urina.
Já a urocultura identifica a presença de bactéria e fungos. Normalmente solicita-se quando se pretende saber a bactéria que está causando a infecção urinária e, desta forma, assegurar o uso do antibiótico adequado para tratar a infecção.
Entenda o exame de urina tipo 1
O sumário de urina é um dos exames mais solicitados pelos médicos. Ele serve para analisar a composição da urina e ver se há alguma alteração. Pode ser analisado em três aspectos:
- Análise física
- Análise química
- Sedimentoscopia
Análise física
Nessa etapa, analisa-se aspectos como cor, volume, densidade e pH.
Em situações normais, a cor da urina geralmente é amarelada. Contudo, medicamentos podem alterar a cor natural da urina. Outras causas de alteração são algumas doenças, atividade física intensa, dentre outros fatores.
O aspecto da urina também não é, por si só, indicativo de patologia, mas pode dar algumas pistas aos profissionais.
Em regra, a urina recém coletada é límpida. Alterações no aspecto podem indicar algumas patologias, assim como contaminação da amostra. Quando há infecção urinária, por exemplo, a urina costuma apresentar-se com aspecto turvo.
A densidade também é um excelente indicativo, uma vez que avalia a capacidade da reabsorção renal.
O pH da urina varia entre 5,5 a 7,5. Alterações do pH podem estar relacionadas a doenças renais, infecções bacterianas e alimentação.
Análise química
Nessa etapa são avaliados aspectos bioquímicos ou seja a presença de componentes como nitrito, proteínas, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, urobilinogênio e hemácias.
No exame de urina, a presença de nitrito pode indicar presença de bactérias patogênicas, levando o profissional a suspeitar ou confirmar infecção urinária.
Em pessoas normais, a presença de proteínas na urina é muito baixa, pois elas tendem a ser absorvidas pelo rim. Portanto, uma concentração elevada de proteínas na urina pode ser indicativo de comprometimento da função renal, lesão renal e hemorragias.
Geralmente, quase toda glicose é reabsorvida nos túbulos renais. Sendo assim, concentrações elevadas de glicose na urina não é normal e pode ser indicativo de diabetes.
Da mesma maneira, não é comum a presença de corpos cetônicos na urina. Quando ocorre, pode estar relacionado a tratamento para obesidade, cetoacidose diabética ou jejum prolongado.
Já a presença de bilirrubina e urobilinogênio pode estar associada a disfunções hepáticas.
O sangue pode se fazer presente na urina por meio das hemácias íntegras ou da hemoglobina. Pode ser indicativo de tumores, cálculos renais, traumatismos e doenças hematológicas.
Sedimentoscopia
Essa é uma das etapas mais importantes do exame de urina. Nela, será analisado o sedimento da urina em microscópio. Serão observadas a presença de células epiteliais, cristais, bactérias, fungos, leucócitos e hemácias.
A presença de células epiteliais na urina de pessoas saudáveis pode ocorrer, mas quando em excesso, analisada juntamente com outros fatores, pode ser indicativo de algumas doenças, principalmente relacionadas a lesões do trato urinário.
Os cristais são dos mais variados tipos e nem sempre significam um problema. O aparecimento é muito influenciado pela dieta e pelo uso de alguns medicamentos.
Porém, a presença em contínua e grande de cristais na urina deve servir de alerta, pois os cristais são precursores dos cálculos renais, popularmente conhecidos como “pedra nos rins”.
A presença de bactérias indica infecção ou contaminação da urina coletada por secreção genital
A presença de leucócitos na urina não é normal e pode indicar algumas inflamações como infecções do trato urinário e mesmo contaminação da urina por secreção genital.
Como coletar a urina
A urina coletada para o sumário de urina deve ser a primeira urina do dia porque ela está mais concentrada, o que aumenta a chance de encontrar os achados que ajudarão na investigação diagnóstica.
A coleta, de cerca de 40 ml de urina, deve ser feita diretamente em pequeno pote plástico apropriado para este finalidade. O recipiente é fornecido pelo laboratório ou pode ser ainda comprado nas farmácias.
As mulheres deve afastar os os grandes lábios dos genitais e os homens devem recolher o prepúcio, que é a pele que cobre a glande.
Antes de fazer o exame, o paciente deve higienizar a região genital com água e, caso use sabonete, utilizar o neutro.
Deve-se coletar o jato médio: ou seja desprezar a primeira “parte” da urina no vaso sanitário para eliminar impurezas que estejam no canal da uretra e depois disso, fazer a coleta da urina diretamente em frasco estéril. Após concluído, deve tampar o frasco imediatamente para que não haja contaminação.
O ideal é que a amostra da urina seja colhida diretamente no laboratório para garantir a qualidade da amostra. Importante ressaltar que um intervalo de mais de duas entre a coleta e a avaliação pode invalidar a amostra, sobretudo se esta estiver devidamente refrigerada.
Recomendações para Exame de urina
Caso faça uso de medicamentos, é importante sempre informar ao laboratório, pois alguns deles podem gerar interferências no exame de urina.
É o caso por exemplo do ácido ascórbico que é a vitamina C, do captopril e de determinados antibióticos.
No caso da vitamina C, por exemplo, sugere-se que o consumo seja suspenso, alguns dias antes de fazer o exame de urina. Isto porque pode interferir nos parâmetros da glicose e hemoglobinas urinárias e apresentar resultados falsamente diminuídos.
Para as mulheres, não é aconselhável fazer exame de urina durante o período menstrual. pois ode interferir nos resultados.
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Sobre Andressa Santana Santos Batista: biomédica analista clínica, formada pela Universidade Estadual de Santa Cruz.
REFERÊNCIAS:
SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO – O Exame de Urina Tipo I e a Importância da Sua Interpretação. 07 de out de 2020. Disponível em: https://www.spsp.org.br/PDF/SPSP-DC%20Nefro-Exame%20de%20urina-07.10.2020.pdf . Acesso em 06 de fev de 2023.
STRASINGER, Susan King; DI LORENZO, Marjorie Schaub. Urinálise e fluidos corporais. 5. ed. São Paulo, SP: Livraria Médica Paulista Editora, 2009.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – Exame de Urina de Rotina e Sua importância Diagnóstica no Laboratório Clínico: Uma Revisão de Literatura. 12 de mai de 2021. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/223719/TCC.pdf?sequence=1 HYPERLINK “https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/223719/TCC.pdf?sequence=1&isAllowed=y”& HYPERLINK “https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/223719/TCC.pdf?sequence=1&isAllowed=y”isAllowed=y . Acesso em 07 de fev de 2023.