Fungo negro: qual a sua relação com a diabetes e o Covid?

Sumário

Você já ouviu falar em Mucormicose ou fungo negro? Uma  doença  que se propagou na India e chamou atenção do mundo em 2021, sobretudo por estar associada a recuperação pós covid e  a pessoas com a diabetes? O que a epidemia de fungo negro na Índia tem a ver com a diabetes e Covid?  É verdade que as pessoas infectadas na Índia estavam se recuperando do coronavírus e muitos dos casos eram de pessoas com diabetes descompensada, mas antes de você ficar paralisado pelo medo, é melhor entender a doença e saber como se proteger.

Vamos entender o que é a mucormicose ou fungo negro:

O  nome correto é mucormicose,  uma infecção  causada por diversas organismos fúngicos na ordem Mucorales. É uma doença rara e este nome “fungo negro” deve-se ao fato da área afetada fica enegrecida.

O fungo negro não é algo novo, já existe desde o século 19, foi descoberto em 1855. Os fungos que provocam a doença  encontram-se espalhados pelo mundo: no ambiente, no ar, no solo, nas casas. Provavelmente até já inalamos, então não se assuste, pois em condições normais, o nosso organismo consegue debelar este invasor.

A murcomicose  é uma doença  angio-invasiva, isto significa dizer que  o fungo  invade o interior dos vasos sanguíneos.   Como a pessoa pode contrair por inalação,  a manifestação mais comum é no sentido nariz cerebro  (rinocerebral).

O fungo negro atinge,  principalmente, os vasos sanguíneos da cavidade nasal e os seios paranasais, comprometendo a circulação do sangue nesta região mas também poderá ser pulmonar ou intestinal.

Em que condições uma pessoa pode contrair o fungo negro?

Para contrair o fungo negro é preciso estar imunodeprimido, ou seja, um sistema imune praticamente inativado a ponto de uma infeção agressiva como essa se manifestar. Assim como todo fungo, os da espécie que causam a mucormicose  são oportunistas. isso quer dizer que acometem indivíduos quando eles “baixam a defesas”  no caso de uma  imunodeficiência.

Vamos dar um exemplo simples e muito comum do que seria este oportunismo no reinos dos fungos:

Uma pessoa que faz uso de anti-inflamatórios das classe  corticosteroides poderá desenvolver “sapinhos” na boca  o nome popular para a candidíase oral. Isso é algo muito comum quando a pessoa está hospitalizada, porque este medicamento é um potente antiinflamatório e, infelizmente, tem dois efeitos colaterais, baixa a imunidade e causa hiperglicemia.

Devido a pandemia de Covid, os infectologistas já tinham previsto um aumento das doenças fúngicas. Isto por que sendo um ser oportunista, os fungos encontram  aí um ambiente favorável para sua manifestação. São pessoas que tiveram Covid num nível mais grave, fizerem  uso de corticosteróides em altas doses para debelar a doença, o que acaba debilitando o sistema imune.

Transmissão e  sintomas do fungo negro 

A mucormicose  não é transmitida pela população. O fungo pode  ser contraído por inalação dos esporos ou através de dispositivos invasivos com uma agulha ou cateter  e ai já temos outro agravante relacionado ao aumento dos casos ocorridos na Índia: as condições de higiene e o controle de infecção hospitalar.

Os sintomas dependerão da área afetada, podendo resultar em corrimento nasal, inchaço e dor em um lado do rosto, dor de cabeça, febre e morte tecidual. Quando acontece essa morte tecidual haverá necrose e um escurecimento da área, por isso ele tem este nome popular (fungo negro).

Como é feito o tratamento do fungo negro?

Quando  área afetada entra em necrose, significa que aquela zona está desvitalizada e precisa ser retirada. Os médicos farão o desbridamento cirúrgico…Mas, o que seria isso?

É a retirada do tecido necrótico, desvitalizado, camada após camada, até chegar numa zona que não tenha mais contaminação. Além de retirar toda a parte negra, os médicos irão remover um pouco do tecido normal para garantir que não fique nenhum resquício do fungo  invasor.

Como podemos perceber a mucormicose  é muito agressiva e mais de 50% das pessoas infectadas morrem neste processo. O mais triste: os que conseguem sobreviver,  sofrem mutilações.

Porque a mucormicose ou fungo negro  atingiu tantas pessoas com diabetes na Índia?

Isso  se explica porque  a Índia é o segundo país do mundo com maior caso de diabetes,  são 77 milhões de pessoas em todo o país.  Somado a isso,  existe  uma condição de pobreza que  impacta muito a as pessoas com diabetes devido a nutrição inadequada, falta de  suporte e subsídios para compra de medicamentos e melhor  controle da doença.

Estas pessoas com um diabetes já debilitada, contraíram Covid e  fizeram  uso de corticosteróides em altas doses, ocasionando por um lado a recuperação do Covid,  mas por outro contribuindo para a descompensação da diabetes e a uma imunodepressão. Em muitos casos relatados na Índia, o fungo negro se manifestava  duas semanas apos a recuperação do Covid.

Lembre-se: a mucormicose é uma doença rara que poderá se manifestar em pessoas IMUNODEPRIMIDAS e não  porque estas pessoas tem diabetes. Mas, quem são essas pessoas imunodeprimidas? Pacientes oncológicos, pacientes transplantados, pessoas com HIV e com DIABETES DESCOMPENSADA.

O que é diabetes descompensada?

É uma complicação aguda da diabetes, um quadro que se caracteriza pela hiperglicemia silenciosa que se agrava rapidamente, levando o indivíduo a uma  hospitalização. Essa condição pode provocar sede excessiva, incontinência urinária e, em quadros mais graves, pode levar ao coma e, posteriormente, ao óbito.

No caso de uma cetoacidose diabética, haverá uma grande liberação de ferro na corrente sanguínea, um elemento necessário para a proliferação do fungo.

PESSOAS COM DIABETES CONTROLADA NÃO CORREM RISCO eminente DE CONTRAIR  FUNGO NEGRO.

O seu sistema imune é capaz de debelar esse fungo, mas com a diabetes descompensada,  estarão mais suscetíveis a qualquer  infeção.  Foi o que aconteceu na Índia. São pessoas que tiveram mucormicose associadas a Covid, imunodepressão e a diabetes descompensada. Por isso,  apresentavam  todas as condições propícias para a proliferação desse fungo.

Em nosso canal no YouTube você encontra uma série de vídeos sobre diabetes. Se você acaba de receber o diagnóstico da doença, se já tem diabetes de longa data, se você é familiar de alguém com diabetes, ou mesmo um cuidador, nossos vídeos irão te ajudar.

 

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