Glicose alterada: como saber e o que fazer?

Sumário

artigo  revisto e atualizado em 5 de Dezembro de 2022

A glicose alterada, significa que o açúcar  no sangue está acima dos valores normais, mas abaixo do valor que seria considerado como diabetes.  Existem duas alterações do metabolismo da glicose que podem anteceder a diabetes tipo 2 que  são: a anomalia da glicemia em jejum e a tolerância diminuída à glicose. São  condições diferentes mas que se caracterizam igualmente por uma hiperglicemia intermédia que antigamente chamava-se pré-diabetes.   Essa alteração  não tem sintomas algum, por isso a melhor forma de saber  e cuidar é fazendo um exame. Se nada for feito, as chances da pessoa evoluir para diabetes tipo 2 a médio prazo é alta.

Porém ter  glicemia de jejum normal pode mascarar uma pré-diabetes.  Mais da metade dos indivíduos diagnosticados com hiperglicemia intermédia em Portugal, por exemplo, tinha glicemias de jejum normal mas só descobriram que tinha a glicose alterada quando fizeram o teste de tolerância à glicose oral.  Quem apresenta alterações nos dois exames tem um risco ainda maior de vir a desenvolver a diabetes tipo 2.

Como saber se tenho a glicose alterada?

Através de exames que medem a glicemia, ou seja a glicose no sangue.

Exame da  glicemia de jejum – determinar se a pessoa tem ou não uma anomalia da glicose em jejum:

Valores para  anomalia da glicemia em jejum: Portugal: entre 110 e 125 mg/dl.  Brasil: 100 mg/dl e 125  mg/dl.

Prova – a prova de tolerância à glicose oral,  serve para descobrir  se  a pessoa tem ou não uma tolerância diminuída a glicose. Na prova de tolerância a glicose oral,   ingere-se  75 gramas de açúcar, dissolvido em uma certa quantidade de líquido para, depois de duas horas, medir a glicemia.

Valores para tolerância diminuída a glicose:   entre 140mg/dl até 199mg/dl.

Hemoglobina glicada ou glicosilada (HbA1c): avalia os níveis médios da glicose sanguínea nos últimos 2 ou 3 meses. É  o exame utilizado para acompanhamento de pessoas com diabetes tipo2 mas pode ser usado para diagnosticar a diabetes. Nos indivíduos sem diabetes o valor da hemoglobina de ficar entre 4,0 %  e 5,6%. Valores entre  5,7% e 6,4%  indicam  pré diabetes.

Quem deve medir o açucar no sangue?

Todas as pessoas com os fatores de risco abaixo relacionados devem fazer exames de rastreio:

  • Ter acima de 40 anos,
  • Ter antecedentes familiares em primeiro grau (pais e irmãos com diabetes mellitus);
  • Ter  tido diabetes gestacional ou ter dado à luz a uma criança com quatro quilos ou mais
  • Tem ovário policístico,
  • Ter etnia negra ou latino hispânica;
  • Ter hipertensão arterial

Causas  da glicose alterada

As alterações da glicose estão relacionadas aos fatores de risco, sobretudo genética,  somado ao estilo de vida e que levam a um quadro de:

Resistência a ação da insulina – as células começam a ter dificuldades de captar  glicose;

Hiper insulinemia – o pâncreas começa a jogar mais insulina para corrente sanguínea para tentar “empurrar” a glicose para dentro das células;

Degradação da atividade das incretinas- hormônios que atuam no intestino e estão relacionados ao metabolismo normal da glicose.

Como resolver a glicose alterada ou a pré diabetes?

Uma vez que a pessoa foi diagnosticada com uma hiperglicemia intermédia  deve fazer alterações imediatas no estilo de vida:  fazer uma alimentação baixa em hidratos de carbono como pão, bolos,  batata, arroz, macarrão, pizza, etc; retirar alimentos ultraprocessados , praticar exercício físico, ter um sono reparador, reduzir o stress, reduzir o consumo de álcool e  parar de fumar.

A perda de peso é fundamental, porque a pré diabetes ou hiperglicemia intermédia está  associada ao ganho de peso. Perdendo peso, provavelmente  voltará a ter glicemias normais.

Se  a pessoa não consegue modificar o estilo de vida, principalmente perder o peso,   nesse caso,  o médico poderá sugerir a inclusão de medicamento, que via de regra é a metformina.

O exercício ajuda a glicose entrar nas células sem depender da insulina por isso é  fundamental para reduzir a resistência à insulina, que é  a dificuldade que as células tem em captar a glicose.

Pessoas magra também podem ter pré diabetes?

Pessoas magras podem ter fatores de risco para desenvolver diabetes que, somado ao estilo de vida inadequado, levará a alterações do metabolismo da glicose podendo evoluir ou não para diabetes tipo 2.  Isso pode acontecer devido ao sedentarismo, a uma alimentação pobre em fibras  e muito rica em carboidratos, sobretudo  refinados e processados. Existe também os falsos magros, que na verdade tem uma obesidade visceral ou seja,   na região do abdómen – é neste local que a gordura oferece maior risco para doenças como diabetes, hipertensão, aumento de triglicerídeos e de colesterol.

 

Referências

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