Henrique Costa: injetei óleo mineral nos músculos e hoje tenho dores incapacitantes

Sumário

Henrique Costa tinha 24 anos quando  tomou uma decisão que mudou o curso da sua vida. 

Na academia que frequentava, alguém disse-lhe que o segredo para ter músculos definidos era injetar óleo mineral no corpo. 

 

E sem pensar muito,  foi o que ele fez.  Aplicou óleo mineral no músculo peitoral, panturrilhas e coxas.  Porém o tão sonhado shape durou apenas três anos e o que se seguiu desde então foi um pesadelo que parece não ter fim. 

 

O óleo mineral migrou deformando a região do peito e das pernas. O que lhe restou de uma atitude impensada foram: deformações, vergonha, sofrimento físico e psicológico. 

 

Arrependido, Henrique conta que o sonho de ter músculos  virou pesadelo 3 anos depois da aplicação de óleo mineral

 

 

Pesadelo

O desejado peitoral se converteu em um par de mamas grandes e flácidas que descem pelo tórax,  pesam a ponto de repuxar a pele do pescoço. E o pior: causa inflamação, inchaço, dormência  e dores. 

 

Sem dinheiro para arcar com o custo do tratamento,  ele pede socorro para fazer uma cirurgia de retirada do material.  

 

Henrique está desempregado e vive com a mãe, de 61 anos, cuidadora de idosos, na periferia de João Pessoa,  estado da  Paraíba.

 

Para conseguir dinheiro, ele se inscreveu, em 2017,  no vakinha.com.br, uma plataforma onde as pessoas se cadastram para tentar angariar recursos e obter ajuda solidária.

 

Porém somente agora, através do perfil @vítimasda bioplastia, que reúne 250 mil seguidores no Instagram,  Henrique  @ajudahenrique conseguiu chamar a atenção para o seu caso.  

 

Depois que o perfil repostou um vídeo onde ele conta a sua história,  obteve  apoio de  muitos seguidores. 

 

Segundo ele, o cirurgião plástico  Alexandre Kataoka, de São Paulo,  vai  realizar uma cirurgia de mastectomia. Ou seja, para retirar o produto terá que fazer a retirada total da região mamária.    

 

Ele já conseguiu  as passagens aéreas para São Paulo, para ele e um acompanhante que irá prestar o apoio pós-cirúrgico.

Alguém também doou a cinta  pós-cirúrgica e enviou-lhe via correios.

 

Mas  não é suficiente.  Para fazer a cirurgia é  preciso pagar as despesas  com o hospital e o anestesista,  exames pré operatórios e medicação pós cirúrgica. 

 

Henrique também precisa cobrir gastos  com alimentação e hospedagem por cerca de 25 dias em São Paulo. 

 

Arrependimento

Aos 40 anos, Henrique reconhece que teve uma atitude impensada quando decidiu injetar óleo mineral nos músculos.  Arrependio, afirma que daria  tudo para voltar atrás. 

 

“Eu era muito novo. Não refleti. Me disseram na academia que para ficar musculoso não bastava treinar. Havia um produto que as pessoas usavam. 

 

“Então, quando vi aquelas pessoas treinando e super bem eu pensei: se todo mundo tá usando e não tem problema, vou usar também”, conta Henrique lembrando que naquela época não havia tanto acesso a informação quanto hoje.

 

Ele conta que a pessoa que lhe sugeriu usar óleo mineral foi a mesma que lhe vendeu o produto.  Uma oferta tentadora para um rapaz pobre da periferia que queria ser notado:  a promessa do corpo musculoso por apenas  30 reais, que equivalia a dois frascos  do produto e ainda  com  aplicação grátis. 

 

Aplicou e o resultado foi imediato, segundo ele. Durante três anos,  Henrique conta que desfrutou do shape que havia sonhado.

“ Eu me sentia poderoso. Andava nas ruas e as pessoas me olhavam. Gostava de ir para praia sem camisa para exibir os meus músculos. A minha autoestima estava lá em cima. As pessoas me admiravam “, recorda.

 

Porém, em 2010,  três anos depois da aplicação, Henrique constatou que o produto estava migrando. E  o seu corpo começou a ficar deformado.  A partir daí, deixou de ter vida social e se relacionar. Envergonhado, parou de usar camisetas, short e frequentar a praia. Isolou-se de tudo e de todos.

 

Dores incapacitantes

Em 2017 , porém, a situação se complicou.  Além dos problemas de auto estima, Henrique passou a ter muitas dores. 

 

Nos últimos meses o quadro piorou.  “Antes as dores vinham,  mas não demorava tanto tempo. Agora  demora vinte dias, as vezes mais para passar” relata descrevendo os sintomas:  formigamento, vermelhidão, edema e dor.

Apesar de acontecer em todas partes onde aplicou o produto, a área mais dolorosa, segundo Henrique  é a região do peitoral. 

 

Por isso, na hora de pedir ajuda,  pensou  apenas na cirurgia para retirada do produto na região mamária. 

 

Mesmo com dores fortes, Henrique  não busca mais ajuda hospitalar.  A primeira vez que buscou a urgência do hospital público na sua cidade,  Henrique contou o seu caso e pediu ajuda,  mas  tudo que recebeu foram analgésicos para a dor. 

“Desisti de ir ao hospital, pois os médicos afirmaram que o meu caso não tem tratamento na rede pública de saúde. E que se eu quisesse resolver, tinha que procurar um médico particular”.

 

Para minimizar as dores, Henrique passou a  tomar Dexametasona por indicação de outras pessoas com casos semelhantes. 

O medicamento é um forte anti-inflamatório e imunossupressor,  usado geralmente em doenças reumatológicas e alérgicas.

“Não passa quanto tomo remédio para dor. Somente com este remédio é que alivia”, afirmou ele que costuma tomar um comprimido por dia quando em crise.

 

Solidão, desemprego, vergonha e dor

 

 A deformação física e as dores mudaram completamente a vida de Henrique que, na maior parte do tempo, vive trancado em casa. 

E com períodos cada vez mais prolongados de dor ,  acabou por ficar desempregado.

 

 “Eu trabalhava como vendedor no Shopping,  como não conseguia ir trabalhar quando tinha dores,  apresentava atestado médico.  Acabei por ser demitido duas vezes. É complicado empregar uma pessoa que vive doente e faltando.” 

 

Hoje, tudo que Henrique deseja é ficar livre das dores e voltar a ter uma vida normal, trabalhar e ter  alguma  vida social. 

 

“Quero ir à praia, usar camisetas. Andar normalmente pelas ruas sem sentir que as pessoas olham estranho ao notarem a presença de mamas volumosas no meu corpo”. 

 

Para isso Henrique precisa da solidariedade das pessoas.   Qualquer contribuição, segundo ele,  é válida e pode ser feita  através do link https://www.vakinha.com.br/162694 via pix, boleto ou cartão.

 

O efeito do óleo mineral 

Substâncias como óleo mineral, silicone industrial entre outras quando injetadas ocupam o espaço existente entre o músculo e a pele. 

 

Elas não causam hipertrofia muscular, mas deformam o tecido muscular. Criam  uma  espécie de massa no local.  Forma-se neste caso, uma fibrose no tecido, como se fosse uma grande cicatriz.

 

O organismo não consegue absorver estas substâncias  e por se tratar de um “corpo estranho” provocam um estado de inflamação permanente que, a longo prazo, causam diversas complicações como infeção, trombose e necrose. 

 

Além disso, estas  substâncias podem migrar para outras partes do corpo.  A tendência  é migrar para partes mais baixas pelo efeito da gravidade como foi o caso de Henrique Costa.

 

Mas há riscos  de chegar à corrente sanguínea e provocar embolia pulmonar, situação que ocorre quando há obstrução de artérias ou veias do pulmão.

 

Henrique não um caso isolado. Uma pesquisa realizada na sua cidade, em 2008,  ouviu  cerca de 500 frequentadores de academia.  Os que declararam, na época,  já terem usado óleo mineral  tinha perfil parecido: jovens, moradores de periferia e  renda de até 3 salários mínimos.

Eles  relataram efeitos colaterais como: dor local,  nódulos, furúnculos, febre geral, taquicardia, dormência no local da aplicação, queda de cabelo e diminuição da libido. Casos mais graves incluía problemas renais e insuficiência respiratória.

 

 

 

 

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