O lipidograma ou perfil lipídico é uma série de exames laboratoriais que tem por objetivo avaliar e dosar as seguintes taxas: colesterol total, triglicérides, HDL, VLDL e LDL e o colesterol não-HDL.
A análise desse perfil fornece informações importantes quanto ao risco de diversas doenças: infarto, acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial periférica e hipertensão arterial.
As doenças cardiovasculares são, hoje, a maior causa de morte em países em desenvolvimento.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, houve um aumento no número de pessoas acometidas por doenças cardiovasculares em países de baixa e média renda, como reflexo do aumento da expectativa de vida.
Lipidograma: quando realizar?
É importante realizar o lipidograma ao menos uma vez ao ano.
Aquelas pessoas que têm predisposição genética ou é acometido por outras doenças, como diabetes, por exemplo, devem estar atentos e realizá-lo com frequência, sempre acompanhado por um médico.
Assim, evita-se o agravamento do quadro. Além disso, ao conhecer o risco de doenças cardiovasculares, é possível atuar de forma preventiva.
Como é feito o lipidograma?
O lipidograma é um exame feito em laboratório, a partir da coleta de sangue venoso.
Depois da coleta do sangue, a amostra coletada passa por um processo de centrifugação que tem por objetivo separar a parte celular da porção líquida.
Essa porção líquida será utilizada para dosagem de colesterol total e frações. Isso pode ser feito manualmente ou por meio de equipamentos especializados.
É preciso estar em jejum para fazer o lipidograma?
Atualmente, já entende-se que não é mais necessário estar em jejum para a realização do lipidograma.
Os laboratórios têm flexibilizado o horário de jejum e costumam informar no laudo se houve ou não jejum.
O Consenso Brasileiro para a Normatização da Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico recomenda a flexibilização do jejum.
O jejum neste caso, pode ser indicado pelo médico solicitante ou não. Entretanto, é importante prestar a atenção se além do lipidograma não estão inclusos pedidos de exames que requerem jejum.
Como se preparar para fazer o Lipidograma?
Alguns cuidados devem ser tomados antes da realização do lipidograma:
- Evitar o uso de bebidas alcóolicas 72h antes da coleta para o exame
- Manter a dieta habitual por cinco dias antes do exame.
Medicamentos que podem interferir no resultado do lipidograma
Alguns medicamentos e substâncias podem interferir no resultado do lipidograma.
Algumas substâncias podem acelerar o metabolismo dos lipídios, “mascarando” os resultados, causando elevações que são temporárias – duram apenas durante o uso do medicamento.
Por isso, é importante o paciente informar, na hora de realizar o exame, o uso de quaisquer medicamentos.
Confira abaixo a lista dos principais medicamentos que podem interferir no resultado do lipidograma:
Ácido ascórbico
Atenolol
Captopril
Estatinas
Ômega 3
Metformina
Neomicina
Isotretinoína
Prednisolona
O que o lipidograma avalia
Como já vimos, o lipidograma avalia as taxas de lipídios na corrente sanguínea. Quando essas taxas estão elevadas, ocorre o que chamamos de dislipidemia.
A dislipidemia pode ocorrer por fatores genéticos, como consequência de outras doenças e medicamentos, estilo de vida sedentário e má alimentação.
Confira abaixo o qual a função de cada tipo de colesterol e o que valores elevados podem sugerir:
Colesterol total
Representa a soma do LDL, VLDL e HDL. Valores elevados representam riscos de doenças cardiovasculares.
HDL
Popularmente conhecido como colesterol “bom”, o HDL é o colesterol de alta densidade. Exerce função importante na proteção cardíaca, ele transporta o colesterol das artérias para o fígado, diminuindo as chances de acúmulo de gordura na parede das artérias.
Entenda os valores do HDL
Menor que 40 mg/dL: baixo (ruim).
Entre 41 e 60 mg/dL: normal.
Maior que 60 mg/dL: alto (ótimo).
LDL
É o colesterol de baixa densidade e é conhecido como o colesterol “ruim”. De fato, quando os valores estão altos, aumentam os riscos de doenças cardíacas, pois ele faz o caminho inverso do HDL.
Ele leva a gordura produzida no fígado para as células. Assim, quando elevado, pode favorecer o surgimento da aterosclerose, que é a formação de placa de gordura na parede das artérias.
O ideal é que os níveis de colesterol LDL estejam abaixo de 130 mg/dl para uma pessoa sem histórico de doenças crônicas. Entretanto, esta meta pode não ser a ideal para todas as pessoas, Isto depende do risco cardiovascular de cada pessoa, de acordo com a avaliação médica.
Entenda os valores de LDL
- Menor que 100 mg/dL: ótimo.
- Entre 101 e 130 mg/dL: normal.
- Entre 131 e 160 mg/dL: normal/alto.
- Entre 161 e 190 mg/dL: alto.
- Maior que 190 mg/dL: muito alto.
VLDL
É uma lipoproteína de muito baixa densidade. Ela é responsável pelo transporte dos triglicerídeos na corrente sanguínea.
Quando em valores elevados, aumenta o risco de doenças cardiovasculares pois aumentam a deposição de gordura na parede dos vasos sanguíneos levando a formação de placas, com risco de obstrução das artérias.
Colesterol não HDL
É a soma de todas as frações, exceto o HDL. Ou seja, a soma de todos os popularmente chamados de “ruins”.
É importante ressaltar que todo colesterol tem sua função e importância no organismo, o perigo está quando os valores ficam muito elevados.
O resultado do colesterol não HDL funciona como um bom marcador para o risco de doenças cardiovasculares. É considerado mais sensível que o LDL isolado para avaliar o risco de desenvolver aterosclerose.
Entenda o resultado do colesterol não HDL
- Menor que 130 mg/dL: ótimo
- Entre 131 e 160 mg/dL: normal.
- Entre 161 e 190 mg/dL: normal/alto.
- Entre 191 e 220 mg/dL: alto.
- Maior que 220 mg/dL: muito alto.
Triglicerídeos
É o principal tipo de gordura armazenada como reserva de energia.
Em valores elevados, pode acabar causando o acúmulo de gordura nas artérias, e levando a doenças cardiovasculares, principalmente se estiver associado a baixos níveis de HDL
Entenda o s resultados dos triglicerídeos
- Até 150 mg/dL: normal.
- Entre 150 e 199 mg/dL: limítrofe.
- Entre 200 e 500 mg/dL: elevado.
- Maior que 500 mg/dL: muito elevado.
Gordura elevada no sangue, o que significa?
Quando o paciente apresenta elevadas taxas de lipídios na corrente sanguínea, pode se constatar o caso de dislipidemia.
As dislipidemias podem ser precursoras de doenças cardiovasculares.
Por isso, é importante o diagnóstico precoce das dislipidemias, possibilitando tratamento adequado antes que o caso avance para um estágio mais grave.
O fato de, geralmente, a dislipidemia não apresentar sintomas é preocupante e deve servir como alerta. Somente o lipidograma pode avaliar como estão os níveis de gordura no sangue.
Valores alterados
Se seus resultados estão alterados, deve procurar o profissional de saúde.
A partir da avaliação médica, será definido, em parceria com o paciente, a melhor forma de tratar que poderá incluir medicamentos, além de alterações na dieta e exercícios físicos.
É importante que se diga, que nem sempre as alterações na dieta resultam, pois apenas 25% do colesterol é proveniente da alimentação. O restante, ou seja, 75% é produzido no fígado.
REFERÊNCIAS
CIÊNCIA E SAÚDE COLETIVA. Análise da prevalência de doenças cardiovasculares e fatores associados em idosos, 2000-2010. 24 de jan de 2019. Disponível em: https://scielosp.org/article/csc/2019.v24n1/105-114/ Acesso em 11 de fev de 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose – 2017. out de 2017. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRETRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf Acesso em 11 de fev de 2023.
REVISTA BRASILEIRA DE ANÁLISES CLÍNICAS. Interferência de medicamentos na avaliação do perfil lipídico: uma revisão de literatura. 14 de mar de 2022. Disponível em: https://www.rbac.org.br/artigos/interferencia-de-medicamentos-na-avaliacao-do-perfil-lipidico-uma-revisao-de-literatura/#:~:text=Os%20glicocorticoides%2C%20como%20a%20prednisona,colesterol%20total%20e%20c%2DLDL. Acesso em 11 de fev de 2023.