A CASA, – espaço de conexão dos agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate às endemias (ACE), promove nesta segunda, dia 27, às 19h a Live “Cobertura vacinal e o papel dos agentes comunitários de saúde”. A transmissão ao vivo será através dos perfis @acasadosagentes e @CONACSOFICIAL, no Facebook.
O evento integra as atividades de formação que visam contribuir para aumentar a cobertura vacinal. Trata-se um dos grandes desafios da saúde brasileira, uma vez que nos últimos anos a cobertura vem caindo.
Especialistas alertam para o risco risco de ressurgimento de doenças como a poliomielite, a paralisia infantil, cuja única forma de prevenção é através da vacinação. A expectativa é que milhares de agentes, mobilizados pelas instituições da qual fazem parte, acompanhem o evento.
A live terá a participação de Alessandro Chagas, assessor técnico do CONASEMS; André Ribas, médico epidemiologista, consultor científico da A CASA e de Espedito Cruz Bomfim – agente comunitário de saúde que atua em Itatira, no Ceará.
Cobertura vacinal: queda e consequências
A maior parte das vacinas tem como meta atingir 95% da população alvo. No entanto, a cobertura vacinal no Brasil começou a cair em 2012 e essa tendência se acentuou de 2016 até os dias atuais, de acordo com dados dados do Sistema Único de Saúde (Tabnet – Datasus). O médico epidemiologista André Ribas, consultor científico da CASA alerta que a principal consequência da baixa cobertura é o ressurgimento de doenças imunopreveníveis graves e controladas. É o caso, por exemplo, a poliomielite e o sarampo.
Um exemplo claro é a vacinação contra poliomielite. Mesmo com a prorrogação da campanha de imunização, em 2022 a vacina contra a doença atingiu apenas 73,53% da população alvo. Esse número representa uma queda significativa em relação a 2015, quando a cobertura vacinal foi de 98,29% das crianças de até um ano. E também em relação a 2018, quando o alcance foi de 89,54%.
A cobertura da vacina Tríplice Viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola e faz parte do Programa Nacional de Imunização (PNI), também não atingiu a meta nos últimos anos . A cobertura caiu de 92,61% (2018) para 77,96% da população alvo, em 2022. Além disso, apenas 54,94% das pessoas recomendadas para receber a segunda dose foram imunizadas.
Causa é multifatorial
Segundo o epidemiologista André Ribas, a queda na cobertura vacinal entre crianças não pode ser atribuída apenas à hesitação dos pais em relação à vacinação. Esse problema envolve diversas questões, como dificuldades de comunicação, falta de vacinas nos estoques e problemas de logística. “De fato, a nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem negociado com os fabricantes para antecipar a entrega de lotes de imunizantes para crianças. Isso mostra que há uma preocupação em solucionar esses problemas e garantir a cobertura vacinal adequada”, ressaltou.
Ações de formação para aumentar a cobertura vacinal
Com o agravamento da situação da cobertura vacinal no país, agentes de diversas regiões do Brasil, dialogam, através das atividades promovidas pela CASA, sobre as causas desse problema e possíveis estratégias para aumentar a adesão à vacinação.
Uma das principais necessidades identificadas por esses profissionais é a consolidação de estratégias de comunicação eficazes e argumentos para combater a desinformação e as notícias falsas que circulam sobre as vacinas.
Segundo André Giglio Bueno, médico infectologista da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e consultor científico da CASA, na percepção dos agentes de saúde, muitas pessoas deixam de se vacinar não por serem contrárias às vacinas, mas por não darem a devida importância a elas.
Neste sentido as conversas, treinamentos e oficinas oferecidos pelo projeto focam na comunicação como ferramenta de sensibilização e educação para a saúde. A ênfase é preparar os agentes para lidarem contra a falsa ideia de que as vacinas não são importantes. Além disso, desmistificar o conceito equivocado de que a vacina causa problemas à saúde. Para o infectologista um forte movimento organizado contra as vacinas, inicialmente direcionada à COVID-19, afetou também as outras coberturas.
Desvalorização do papel do agente comunitário e estratégias
Para Ilda Angélica Correia, presidente da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde, outro problema que contribuiu para a queda da vacinação é a falta de acesso à informação. O agente precisa ser informado em tempo hábil sobre as campanhas, chegada de novas vacinas e mudanças no calendário vacinal. Situação que, na sua opinião, representa uma desvalorização do trabalho do agente e dificulta o seu papel de informar e mobilizar a população alvo. “Somos o elo entre a Unidade Básica de Saúde e a população do território e, por isso, deveríamos ser informados com antecedência”
Segundo Ilda, a busca ativa dos indivíduos que não receberam as vacinas necessárias, sejam crianças, adultos ou idosos, é uma estratégia importante para reverter a baixa cobertura vacinal. “É possível identificar facilmente onde essas pessoas estão e, portanto, é importante retomar essa prática como prioridade”. Os coordenadores do projeto A CASA também consideram que a busca ativa e a orientação das pessoas para aumentar a aceitação das vacinas é uma medida urgente e necessária para combater a queda nas taxas de cobertura vacinal.
A CASA é uma iniciativa do Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS). Trabalha em parceria com a Confederação Nacional dos Agentes Comunitário de Saúde e Agentes de Combates às Endemias (CONACS). E ainda com a Confederação Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS). A instituição oferece atualização profissional aos mais de 400 mil agentes atuantes nos 5570 municípios brasileiros. O objetivo é promover uma maior adesão às campanhas de vacinação.
Sobre a Live:
“Cobertura vacinal e o papel dos agentes comunitários de saúde”
Quando: dia 27, às 19h
Onde: Transmissão ao vivo pelos perfis @acasadosagentes (Instagram) e @CONACSOFICIAL (Facebook)
Quem participa: Alessandro Chagas, assessor técnico do CONASEMS; André Ribas, médico epidemiologista, consultor científico da A CASA e professor de Epidemiologia e Bioestatística na Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic, em Campinas. Espedito Cruz Bomfim – agente comunitário de saúde que atua em Itatira, no Ceará.