Atualizado em 09/12/2022
A neuropatia diabética é uma complicação tardia grave da diabetes que provoca lesões nos nervos, estruturas que fazem parte do sistema nervoso. É uma complicação muito frequente e chega a atingir 50% das pessoas que têm diabetes. A neuropatia diabética, geralmente, é diagnosticada tardiamente, quando já houve perda de sensibilidade. Isto acontece porque na fase inicial a doença apresenta sintomas leves como dormência ou formigamento que são poucos valorizados.
A principal causa da neuropatia diabética, é a glicose elevada no sangue, denominada hiperglicemia. O excesso de “açúcar” no sangue danifica as fibras nervosas, pois a hiperglicemia é tóxica para o sistema neurológico. As fibras nervosas conduzem informações do sistema nervoso central até os nossos órgãos e outras partes do corpo e vice versa.
Além da neurotoxicidade, a hiperglicemia persistente causa lesão nos capilares, pequenos vasos sanguíneos, que irrigam as fibras nervosas. Com o tempo estes capilares se tornam espessos e obstruídos. Quando as fibras nervosas deixam de ser irrigadas, ou seja, não recebem oxigênio e nutrientes, elas morrem. A destruição das fibras ocorre na fase mais avançada da neuropatia e leva a perda de sensibilidade.
Quais os sintomas da neuropatia diabética?
Os sintomas da neuropatia diabética podem ser divididos em positivos e negativos:
Sintomas positivos – formigamento, dormência; pode haver dor constante, ou sensação de agulhamento, facada, queimação nas pernas e pés. As dores pioram à noite e melhoram com a movimentação.
Uma neuropatia diabética grave pode provocar dores repentinas. Um simples toque pode provocar uma dor muito forte. Sintomas de ansiedade, depressão podem se manifestar na neuropatia diabética devido às dores constantes, ocasionando perda de qualidade de vida.
Sintomas negativos
– Ocorre a perda da sensibilidade à dor. Por isso, a neuropatia diabética é responsável por outra complicação da diabetes: o pé diabético.
Neuropatia e pé diabético
O pé diabético ocorre devido a uma complicação microvascular, que seria a neuropatia, associada a complicação macrovascular, que é a doença arterial periférica. Geralmente, começa com uma complicação e depois soma-se a outra, levando a amputações do pé e de outras zonas. A neuropatia que atinge nervos sensitivos motores normalmente tem início pelos pés, a parte mais distal periférica, mas com o passar do tempo atinge outras partes do corpo.
Neuropatia e sistema digestivo
A neuropatia diabética pode afetar o sistema nervoso periférico e pode resultar em diversos danos, consoante as fibras nervosas atingidas. Um exemplo disto é a dificuldade que algumas pessoas com diabetes têm em digerir os alimentos. Mesmo comendo pouco, sentem enfartamento, azia, a digestão se torna muito lenta ou mesmo parada. Essa condição, conhecida como gastroparesia, acontece devido a lesão no nervo vago que controla os movimentos peristálticos, fundamentais para uma boa digestão.
Além disso, o sistema nervoso autônomo comanda muitas outras funções, independentes da nossa vontade: a pressão arterial, a frequência cardíaca e mesmo o ato de urinar, evacuar e a função sexual. Por isso, a neuropatia diabética pode provocar problemas em diversas partes do corpo.
Como prevenir a neuropatia diabética
Dois fatores primordiais para prevenção da neuropatia diabética são o controle da glicemia e as mudanças no estilo de vida. Por isso, e importante fazer um esforço para manter a glicemia normal, principalmente nos cinco primeiros anos do diagnóstico da diabetes, pois é neste período que a neuropatia pode se instalar.
É preciso compreender que a hiperglicemia, embora não cause dor, traz danos para as fibras nervosas. As alterações na alimentação que permitam maior controle da glicemia e a prática de exercício físico serão fundamentais, pois apenas a medicação não contém a progressão da diabetes nem as complicações associadas à doença.
Por isso, a prevenção é a chave para ter qualidade de vida a longo prazo e evitar o surgimento de complicações como é o caso da neuropatia diabética. Importante ressaltar que mesmo na “pré diabetes”, ou seja com uma hiperglicemia intermédia, há risco de danos neurológicos. Isso acontece justamente porque a glicose elevada no sangue é neurotóxica.
Com é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da neuropatia diabética é feito com base no exame físico e no histórico médico. A perda ou diminuição da capacidade de sentir vibração, dor e temperatura além de perda de força e atrofia da musculatura são indicativos de lesões nervosas na região dos pés. O médico poderá solicitar uma eletroneuromiografia, um exame que avalia lesões no sistema nervoso periférico
O tratamento da neuropatia
Os especialista afirmam que, se a neuropatia for diagnosticada na fase inicial, e se o paciente mantiver um bom controle glicêmico, a doença não avançará. Porém, se a neuropatia for diagnosticada tardiamente, quando já houve perda de fibras nervosas, a doença é irreversível.
Com relação o tratamento, são usados fármacos para aliviar as dores, prevenir as complicações e tratar sintomas associados. No que diz respeito aos medicamentos, eles são prescritos pelo médico e variam de acordo com a condição de cada paciente, os sintomas e a área afetada pela neuropatia.