ONU realiza primeira reunião global sobre doenças tropicais negligenciadas de pele. Brasil se destaca pela hanseníase

Sumário

A Organização Mundial de Saúde (OMS)   reúne  mais de 800 pessoas, de 86 países,  para discutir sobre doenças tropicais negligenciadas de pele (DTNs).

De acordo com a ONU, representantes de Ministérios da Saúde, agências governamentais, membros da sociedade civil, grupos de pacientes, acadêmicos e entidades doadoras participarão do evento, cuja data não foi divulgada. 

 

As  DTNs são um grupo de patologias crônicas, parasitárias e infecciosas que afetam principalmente as populações mais pobres e negligenciadas,

 

Com base em um modelo estratégico, elaborado em 20222, a agência da ONU oferece ideias de como integrar o manejo das DTNS e  ferramentas de aprendizado que inclui cursos on lines e aplicativos digitais.

E ainda disponibiliza um manual de treinamento em várias línguas, inclusive português, para apoiar a capacitação de profissionais da atenção primária sem conhecimento especializado sobre doenças cutâneas. 

Na lista das 20 doenças tropicais negligenciadas reconhecidas pela OMS, ao menos 10 apresentam manifestações dermatológicas.

Entre estas doenças podemos citar a úlcera de buruli, a hanseníase  e a filariose linfática.  As  manifestações de pele  reforçam os sentimentos de isolamento e estigmatização dos pacientes afetados pelas DTNS.

 

Brasil é o segundo país do mundo em casos de hanseniase

Com 300 mil casos diagnosticados entre 2010 e 2019, a   hanseníase é um problema de saúde pública  no Brasil.  Em 2020, foram cerca 13.800 diagnósticos. Mato Grosso apresenta o maior número de casos notificados no país na população geral (1.853), seguido do Maranhão (1.565) e do Pará (1.313). 

O Brasil é,  na verdade,  o segundo país do mundo em número de casos de hanseníase. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente cerca de 29,8 mil pacientes estão em tratamento.  A Índia ocupa o primeiro lugar em número de casos.

 

O brasileiro Artur Custódio, coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, Morhan, afirmou que “o estigma da doença  impacta não só objetivamente na vida das pessoas, com dificuldade de emprego, nas relações pessoais, na família, mas afeta também no nível de atenção dos serviços de saúde para essas pessoas”.

É importante destacar que  a  hanseníase tem cura. Os portadores da doença não precisam ser isolados nem afastados do trabalho. Uma vez diagnosticados,  recebem remédios fornecidos pelo sistema público de saúde e se tratam em casa, com acompanhamento médico nas unidades básicas de saúde. 

O tratamento dura de seis a 12 meses. O diagnóstico precoce e a adesão terapêutica podem prevenir as deformidades e incapacidades que a doença apresenta quando diagnosticada tardiamente.

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Brasil precisa avançar na integração, afirma Artur Custodio, coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan),
Brasil precisa avançar na integração, afirma Artur Custodio, coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). Foto: Morhan

Doenças tropicais negligenciadas de pele

 

A doenças tropicais “negligenciadas”  são assim denominadas por  receberem pouco financiamento e serem associadas ao estigma e à exclusão social.

 

São exemplos de doenças tropicais negligenciadas com manifestações de pele:

 

 Úlcera de Buruli 

 

Causada pelo Mycobacterium ulcerans, a  úlcera de Buruli é uma infecção que afeta principalmente a pele. 

 

 As úlceras costumam ser únicas e grandes, com a superfície amarelada e base vermelha úmida.

 

 As primeiras alterações são pápulas e nódulos cutâneos, que posteriormente ulceram.  

 

Durante os estágios iniciais da infecção, pode haver extenso edema ao redor da área ulcerada emergente,

 

Uma característica destas úlceras é que a maioria dos pacientes em áreas onde a doença é endêmica tem menos de 15 anos de idade.

 

Não se conhece a forma de transmissão mas está associada a exposição através de  rios, córregos ou pântanos. A úlcera de Buruli é de ocorrência comum na África.

 

Filariose Linfática

Com mais ocorrências nas regiões da África, Ásia e Pacifico, a filariose linfática é um infecção sistêmica causada por três espécies de nematoides parasitas e transmitidas por mosquitos.

Popularmente conhecida por elefantíase, é uma doença com manifestações dolorosas e desfigurante. 

As filárias causadoras de filariose linfática vivem nos canais linfáticos, que dilatam e obstruem, geralmente nas partes inferiores do corpo, como a região inguinal e genital e as coxas. 

 

 Embora seja frequente o início da filariose linfática na infância, a doença se torna notória em adultos, nos quais são visíveis os resultados da obstrução linfática progressiva. 

 

Com o tempo, a pele pode se tornar espessa, recoberta por pequenos nódulos ou pápulas, que produzem aparência de pedras de calçamento, e suscetível a infecções recorrentes.

A doença também está presente na América e no Mediterrâneo oriental mas não é tão comum como nas demais regiões. Não há casos registrados na Europa.

 

Hanseníase

 

 Infecção sistêmica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, a hanseníase afeta a pele e os nervos. 

 

A lesão cutânea ocorre com facilidade, porque os pacientes não percebem o calor de objetos nem o atrito dos calçados Por isso, surgem úlceras nesses locais.

 

Quando não tratadas, essas úlceras (geralmente nas mãos ou nos pés), conhecidas como úlceras neuropáticas, podem destruir outras estruturas na área, até mesmo o osso.

 

A doença é transmitida por gotículas de saliva e secreções do nariz, durante o contato íntimo e frequente com casos não tratados. 

 

A infecção pode ocorrer em qualquer idade, mas os sintomas após o contágio podem demorar de 3 a 7 anos, o que dificulta o controle da doença. 

 

Inicialmente, a doença  se manifesta através de dormências, câimbras  e formigamentos em determinadas áreas do corpo.  

 

Depois surgem  máculas e placas cutâneas de tamanhos variados, geralmente secas e que podem ser um pouco mais claras que o restante da pele.

 

  

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