Transfusão de sangue: como é feita, para quem é indicada e  quais são os riscos? 

Sumário

A transfusão de sangue é o processo de infundir o sangue de uma outra pessoa na veia de um paciente.  Durante a transfusão, podem ser transferidos apenas alguns dos componentes do sangue como glóbulos vermelhos ou plaquetas. 

Isto será de acordo com a necessidade de cada paciente conforme prescrição médica.  Os produtos  a transfundir são originários de doações. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019, no Brasil, foram realizadas 2,95 milhões de transfusões de sangue. 

Um aumento de cerca de 150 mil transfusões de sangue se comparado ao ano de 2016. Apesar de o número de transfusões ter aumentado, infelizmente, o número de doações de sangue diminuiu. 

 Isto porque nem todas as pessoas têm consciência da importância de doar sangue. Além disso, nem todas as cidades possuem banco de sangue ou pontos de coleta, o que diminui muito o número de doadores. 

 

A indicação para a transfusão sanguínea leva em consideração critérios clínicos e laboratoriais
A indicação para a transfusão sanguínea leva em consideração critérios clínicos e laboratoriais. Fonte: Pixabay

 

Para quem e quando é indicada a transfusão de sangue? 

 

A indicação para a transfusão sanguínea leva em consideração critérios clínicos e laboratoriais. Como é um procedimento que, a despeito de todos os cuidados, ainda representa risco, é  realizado somente quando há necessidade de fato. 

 

Algumas doenças ou  situações adversas  podem levar a desordens na homeostasia, deficiência no transporte de oxigênio ou sangramento excessivo.

 

 Nesses casos, a critério do médico, pode ser indicada a transfusão sanguínea. 

 

É transfundido o hemocomponente que está em deficiência, podendo ser hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado. 

 

Transfusão de hemácias

É indicada em casos de: hemorragias agudas, anemia auto-imune hemolítica, pacientes no perioperatório, anemia crônica, pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia, pacientes renais crônicos e outros casos especiais em que haja grave comprometimento do transporte de oxigênio. 

 

Transfusão de plaquetas

É indicada em casos de: plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas) por falência medular, plaquetopenias por diluição ou destruição periférica, distúrbios associados à alteração de função plaquetária. 

 

Transfusão de plasma 

É indicada em casos de necessidade de corrigir a deficiência de fatores da coagulação, levando a sangramentos anormais. 

 

Crioprecipitado 

E uma concentração de algumas proteínas plasmáticas. A transfusão de crioprecipitado é indicada quando é preciso repor o fibrinogênio e Fator XIII, que é uma proteína que desempenha papel importante no processo de cicatrização. 

Quais os risco da transfusão de sangue? 

O procedimento é considerado seguro. A hemoterapia é a área da medicina que envolve a obtenção e a administração do sangue como tratamento para várias condições de saúde. 

Os hemocomponentes e hemoderivados se originam da doação de sangue por um doador. 

Os serviços de hemoterapia atuam  de acordo com critérios determinados pela legislação para garantir a qualidade e segurança do sangue. 

Os procedimentos incluem a triagem dos doadores, a coleta, o processamento de sangue em hemocomponentes, às análises sorológicas e imuno‑hematológicas no sangue do doador, o armazenamento e a distribuição destes produtos e a transfusão. 

Segurança no procedimento

Em relação a transfusão, por via de regra, uma amostra do sangue do paciente que necessita de doação é enviada para tipificação e realização de testes pré-transfusionais .  Só depois disso é escolhido o lote do sangue ou hemocomponente a ser infundido de acordo com análise da  compatibilidade de sangue.

Apesar dos cuidados, o procedimento transfusional apresenta riscos. Portanto, são realizados somente quando existe indicação precisa e nenhuma outra opção terapêutica.

O paciente ou familiar deve formalizar o procedimento através da assinatura de um Termo de Consentimento Livre Esclarecido sua ciência e autorização para a transfusão de sangue.

 

Teste pré-transfusionais

Os testes pré-transfusionais realizados na amostra de sangue do paciente que receberá a transfusão de sangue incluem obrigatoriamente segundo a legislação: 

 

Tipagem ABO e Rh(D),

Pesquisa de anticorpos Irregulares (PAI),

Prova de compatibilidade (PC) 

 

Tipagem ABO e Rh 

Esse é o teste mais conhecido realizado tanto para doadores de sangue quanto para quem vai receber a transfusão

 

Ele vai determinar o tipo sanguíneo e o fator Rh. 

 

São quatro os tipos sanguíneos: A, B, AB e O. Para o fator Rh, o indivíduo pode ser negativo ou positivo. 

 

O sangue do tipo O negativo é o doador universal, podendo doar para todos os demais tipos sanguíneos. Já o tipo AB positivo é o receptor universal, podendo receber sangue de qualquer tipo sanguíneo. 

 

Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI)

O objetivo do PAI é  pesquisar, no soro do receptor, a presença de anticorpos irregulares que possam causar lise ou morte das hemácias doadas.

A lise das hemácias pode causar graves problemas de saúde, como a anemia hemolítica, por exemplo. 

O teste serve  para garantir que o sangue que vai ser doado é compatível com quem está recebendo.

Prova de compatibilidade (PC)

É, de fato, um teste de compatibilidade. Em poucas palavras, mistura-se o sangue do doador com o do receptor e observa-se para ver se há alguma reação. 

 

Como é feita  a transfusão de sangue?

Uma vez verificada a compatibilidade entre o sangue doador e o sangue do paciente, o produto é então administrado numa veia do paciente  através de um cateter. 

 É como se o paciente estivesse recebendo soro.

O procedimento é acompanhado por um profissional de enfermagem que monitora os sinais vitais e observa sinais de reações adversas.

 A maioria dos doentes não sente nada enquanto realiza uma transfusão. E podem fazer outras coisas enquanto recebem a transfusão como ver tv, ouvir música  ou ler.

O procedimento dura entre 2 a 3 horas, incluindo os testes pré-transfusionais.

 

Reações adversas 

 As complicações na transfusão são chamadas de reações transfusionas. Podem ser de causa imunológica ou não imunológica e também de causa infecciosa ou não infecciosa.

Podem ocorrer reações ligeiras e transitórias como por exemplo um aumento da temperatura corporal ou reações alérgicas.   Na maioria das vezes ocorrem durante o procedimento ou imediatamente após.  Tais reações são  resolvidas com tratamento médico ou diminuindo a velocidade da transfusão.

Entretanto, podem ocorrer reações dias após a transfusão. Neste caso, é importante estar atento aos sinais e informar o medico.

As reações graves são raras. Entre estas temos a sobrecarga hídrica, lesões pulmonares e destruição dos glóbulos vermelhos devido  à incompatibilidade entre os tipos sanguíneos do doador e do receptor.

 

 

REFERÊNCIAS 

Pedro Bonequini Júnior e Patrícia Carvalho Garcia. Manual de Transfusão Sanguínea para Médicos (2018) http://www.hcfmb.unesp.br/wp-content/uploads/2018/01/MANUAL-DE-TRANSFUS%C3%83O-SANGU%C3%8DNEA-PARA-M%C3%89DICOS.pdf

Ministério da Saúde. Guia para uso de Hemocomponentes. 2015 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_uso_hemocomponentes_2ed.pdf

Rocha, David Maia, and Francisco José Maia Pinto. “REAÇÕES TRANSFUSIONAIS: ASSOCIAÇÃO ENTRE O TIPO DE HEMOCOMPONENTE TRANSFUNDIDO COM O LOCAL DE TRANSFUSÃO E O SEXO.” Coletânea de Monografias do curso de medicina da UECE (2022): 384.

Alves, Priscila Alexandrino de Farias. “Construção de checklist para hemotransfusão em unidades de internação da rede de atenção secundária e terciária.” (2022).

 

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